À TARDE, NÃO PRECISA VIR.
- jjuncal10
- 7 de mai. de 2022
- 2 min de leitura

RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
Na segunda guerra mundial, uma das missões mais árduas, mais dramáticas, mais sangrentas dos pracinhas brasileiras foi a tomada de uma base estratégica no alto de uma montanha, na Itália. Todos sabiam que a conquista daquele ponto seria um grande passo para a vitória das forças aliadas sobre o exército nazista de Hitler. Postada no alto daquele monte, a artilharia alemã, equipada, basicamente de metralhadoras, inclusive antiaéreas, dispunha de uma situação privilegiada enquanto os soldados das forças aliadas se arrastavam heroicamente pelas encostas, protegidos apenas por blocos de pedras e capacetes de aço. Sem dúvida, uma missão quase impossível!
Contam que o bravo pracinha Esmeraldo, uns alagoanos da gota serena, numa atitude suicida, pois choviam sobre ele balas de grosso calibre por todos os lados, conseguiu uma aproximação suficiente para disparar, com precisão, a sua bazuca e acerta em cheio o ninho dos inimigos, fazendo voar alemão para todos os lados. Esse ato heroico do pracinha Esmeraldo possibilitou o avanço do restante da tropa, culminando com a tomada, em definitivo, daquela base. Daí para a vitória final foi um pulo.
Contudo, enquanto os sobreviventes da tropa aliada se abraçavam, comemorando a grande conquista, um soldado alemão, mais morto que vivo, ainda teve forças para arremessar uma granada, cujo estilhaço passou entre as pernas de Esmeraldo, arrancando-lhe as glândulas sexuais, um misto da azar e tragédia para o nosso bravo pracinha. Lamentável!
A guerra acabou, os nazistas foram derrotados, liquidados, condenados como mereciam. O nosso herói Esmeraldo voltou para o Brasil, recebeu medalhas, condecorações, homenagens... Mas literalmente sem saco para continuar nas forças armadas. Como reconhecimento de seu grandioso feito, Esmerando foi enviado para assumir uma função numa repartição pública no Rio de Janeiro.
No seu primeiro dia de trabalho, Esmerando foi recebido pelo chefe do serviço (um carioca gozador, inoportuno...) que lhe disse:
─ Esta é a sua mesa de trabalho. Pela manhã, você vem. Pode chegar a qualquer hora. A sua função é anotar nome e endereço de pessoas que vierem aqui elogiar Repartições Públicas... dar sugestões...
− E existe gente aqui no Rio que elogia Repartição Pública? – Quis saber Esmeraldo.
─ No ano passado, apareceu aqui um jovem elogiando o funcionamento do VGBL (Fundo Previdenciário). Chamava-se Jânio e morava em São Paulo, mas logo ficou esclarecido que se trava de um alcoólatra incompossível, não foi levado a sério ─ ponderou o chefe.
─ E à tarde, eu faço o quê? – indagou o prestimoso Esmeraldo.
─ À tarde, você não precisa vir ─ respondeu o chefe.
─ Por que não preciso vir, aqui não abre à tarde? ─ quis saber o sempre predisposto Esmeraldo.
E o filho da mãe do chefe carioca respondeu:
─ Abre! Mas, à tarde, aqui só se coça; e como você não tem mais saco pra coçar, vir aqui pra fazer o quê?...
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Comentário:
Cachorro doido acuado morde qualquer um. Vejo essa invasão da Ucrânia como início da terceira guerra mundial. Basta o cachorro doido (a Rússia) sentir-se acuado que “morderá” o primeiro que aparecer a sua frente com os “dentes” que ainda lhe restam ─ armas atômicas... E aí?!...
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