A GRAMÁTICA E O GÊNERO

JOSÉ WALTER PIRES -

SOCIÓLOGO, ADVOGADO, POETA, CORDELISTA E ESCRITOR

Às vezes, fico buscando

“Sarna para me coçar,

Como, neste instante, faço

Em linguagem popular,

Num comentário linguístico

Que, não sendo casuístico,

Passo, então, a versejar.

.

Dessa forma, irei ao fato

Que circulou pela mídia

E chamou minha atenção

Sobre suposta perfídia,

No exercício do mister

E que não fora sequer,

Motivada por desídia.

.

Assim, uma professora,

Que da Língua Portuguesa

Era titular na Escola,

Atuando com presteza,

Mas sofreu a acusação,

Ao tratar uma questão

Gramatical com firmeza.

.

Foi chamada de homofóbica

Por explicar do seu jeito,

Sobre o gênero em português,

Sem maldade ou preconceito,

De que a vogal temática

Não mostra de forma enfática,

O “neutre” como preceito.

.

O Gênero é definido

Pelo artigo antecedente,

Ensinava a Professora

De maneira consciente,

Sem querer polemizar

Essa questão singular

Com vista no presente.

Com as letras “O” e “A”

São as formas usuais,

Para definir o gênero

Nas regras gramaticais,

Mas havendo as exceções

Em várias situações,

Com os “gêneros” desiguais.

.

Vamos exemplificar:

Com poeta e motorista

De terminação em “a”,

Do gênero, qual é a pista?

Só os artigos definem,

Quais os gêneros que exprimem,

Conforme a regra prescrita.

.

Umas findadas em “ão”

São palavras femininas,

Embora terminem em “o”,

Algumas são masculinas.

Como são os adjetivos,

Sendo em “e” terminativos,

Que na Língua são rotinas.

.

Algumas “neutras” serão

Como alface ou elefante,

Feminina e masculina,

Como aprendi bem distante,

Conforme ensina a Gramática,

Não sendo a vogal temática,

Mas o artigo importante.

.

Vamos a outros exemplos,

Agora com adjetivos,

Dessas duas variantes,

Com artigos relativos:

Alerta, triste, doente,

Feliz ou inteligente,

Para tornar-se expressivos.

.

Os que querem Língua neutra,

Que criem a neutralidade

Com símbolos indicativos,

Vindos por necessidade,

Pra mudarem o já feito,

Desvirtuando o conceito,

Dentro da sociedade

.

Sendo gênero linguístico,

Literário ou musical,

Não faz qualquer diferença,

Mudar o consensual,

E transformar este mundo,

Que já anda moribundo,

Numa crise social.

.

Vamos todos investir

Na real educação,

Em que aluno e professor

Convivam em união,

Em sua diversidade,

Com solidariedade,

Sem nenhuma exceção.

.

A discussão sobre “gênero”,

Para mim é gradual,

Em processo evolutivo,

Para o bem ou para o mal,

Sem alimentar complexo

Digo: o que existe é o sexo!

Tudo mais é natural.

.

Espero não ter causado,

Com os versos do momento,

Ao abordar este tema,

Qualquer descontentamento,

Porém como sugestão,

Que motive a discussão

Deste assunto que comento