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A HISTÓRIA DOS IRMÃOS COSME E DAMIÃO...

jjuncal10

Veronica de Oxosse Íyálorixá no Ilê Igba Òmó Aro Omin

Professora e Ativista do Movimento Mulheres Negras e luta contra a Intolerância Religiosa! Componho o Coletivo de Mulheres “Curicas Empoderadas”, atuante na área de palestras sobre autoestima e Empoderamento feminino


Começa na cidade de Egéia, na Arábia, onde nasceram os irmãos, por volta de 260 depois de Cristo. Apesar dos boatos, não existem confirmações de que eram gêmeos. A família dos dois tinha fortes tradições católicas, que foram passadas a eles durante a infância e juventude. 


Cosme e Damião, ainda jovens, decidiram estudar medicina e foram para a Síria, que, na época, era uma província do Império Romano, para iniciar a aprendizagem. Após diplomados, passaram a exercer atendimento à população carente das redondezas de onde viviam. 


Os irmãos usavam a fé, unida aos conhecimentos científicos, como poder de cura. Como forma de caridade e amor, eles realizavam tratamentos para as pessoas que não podiam pagar. Para as crianças doentes, davam balas para a amenizar o sofrimento. 


Os irmãos não cobravam absolutamente nada pelos tratamentos, mas tudo faziam com caridade e dedicação. A fama de Cosme e Damião despertou a ira do imperador Diocleciano, implacável perseguidor do povo cristão. O governador deu ordens imediatas para que os dois médicos cristãos fossem presos, acusados de feitiçaria e de usarem meios diabólicos em suas curas. 


Os irmãos foram torturados e mortos por se negarem a aceitar os padrões religiosos do imperador romano. Hoje santificados, Cosme e Damião são lembrados, através dos doces que costumavam distribuir como exemplos de solidariedade e cuidado. 


Para o catolicismo, não havia nenhuma ligação entre os irmãos e as crianças ou a distribuição de doces. Essa prática veio da associação que os escravos fizeram de Cosme e Damião a orixás da umbanda e do candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã.  Como havia muita repressão na época da escravidão no Brasil aos cultos africanos, os negros precisavam adorar suas divindades sempre associando a algum santo católico. E foi isso que aconteceu com São Cosme e são Damião.  A tradição de dar doces tem a ver com esses dois orixás crianças que foram associados a Cosme e Damião. 


São Cosme e São Damião são considerados os padroeiros dos médicos e dos farmacêuticos, e por causa da sua simplicidade e inocência, também considerados protetores das crianças.  Em 1969, a religião católica alterou o dia de são Cosme e são Damião para o dia 26 de setembro para não chocar com a data que se celebra são Vicente de Paula. Mas, pela tradição, a maioria das pessoas ainda comemora no dia 27. 


E O DOUM???? 


Nas representações na umbanda e no candomblé, junto aos dois santos aparece uma criancinha vestida como eles.  Essa criança é Doum que personifica as crianças de até 7 anos.  Para os adeptos de religiões de matrizes africanas, diz a crença que para cada dois gêmeos que nascem, um terceiro não encarna nesse mundo. Doum também é respeitado e adorado como da família dos Ibejis mas é considerado “aquele que não veio”. O mito de Doum servia de consolo quando a criança morria bebê ou no ventre da mãe.  A partida era entendida como um retorno desses seres divinos ao mundo do qual não conseguiram se despedir. 



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