
RIBAMAR VIEGAS
ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO, TÉCNICO EM PONTES
E ESTRADAS, INSTRUTOR DE DIREÇÃO DEFENSIVA
E CONDUÇÃO, ESCRITOR.
Sem dúvida que uma das missões mais árduas, mais dramáticas, mais sangrentas dos pracinhas brasileiras na segunda guerra mundial, foi a tomada de um ponto estratégico, no alto de uma montanha na Itália.
Todos sabiam que a conquista daquele local, seria um grande passo para a vitória definitiva das forças aliadas, sobre o exército nazista de Hitler.
Postada na parte mais alta, a artilharia alemã tinha uma posição privilegiada. Enquanto os soldados brasileiros se arrastavam heroicamente pelas encostas, protegidos apenas por blocos de rochas e capacetes de aço.
Parecia uma missão impossível!
Contam que o bravo soldado Esmeraldo, um alagoano da gota serena, numa atitude suicida − chovia sobre ele balas por todos os lados − conseguiu uma aproximação suficiente para disparar, com precisão, a sua bazuca e acertar em cheio o ninho dos inimigos, fazendo voar alemão para todos os lados.
Esse ato heroico do pracinha Esmeraldo, possibilitou o avanço do restante da tropa aliada, culminando com a tomada em definitivo, daquele local.
Daí para a vitória final foi um pulo.
Contudo, enquanto os sobreviventes das tropas aliadas se abraçavam comemorando o grande feito, um soldado alemão, mais morto que vivo, ainda teve força para arremessar uma granada, cujo estilhaço passou entre as pernas de Esmeraldo arrancando-lhe as glândulas sexuais, um misto de azar e tragédia para o nosso bravo pracinha.
Lamentável!
A guerra acabou, os nazistas foram derrotados, liquidados, trucidados como mereciam. O nosso bravo pracinha Esmeraldo voltou para o Brasil, merecidamente como herói, várias medalhas no peito, promoção, condecoração ... Mas literalmente “sem saco” para continuar nas forças armadas. Como reconhecimento pelo seu grandioso feito, Esmeraldo foi enviado para assumir uma função numa Repartição Pública no Rio de Janeiro.
No seu primeiro dia de trabalho, Esmeraldo foi recebido pelo chefe de serviço (um carioca gozador, inoportuno, como quase todos) que lhe disse:
─ Essa é a sua mesa de trabalho. Pela manhã você vem. Pode chegar qualquer hora. A sua função é anotar nome e endereço das pessoas que comparecerem aqui, para reclamar ou elogiar os nossos trabalhos.
− E existe gente aqui no Rio que elogia trabalho de Repartição Pública? ─ quis saber Esmeraldo.
− Apareceu um jovem aqui há uns dois anos elogiando o atendimento do INPS. Pelo nome e endereço – chamava-se Jânio e morava em São Paulo – mas logo ficamos sabendo que se tratava de um alcoólatra, portanto, ninguém o levou a sério – ponderou o chefe.
─ E à tarde, eu faço o que? ─ indagou Esmeraldo.
− À tarde você não precisa vir ─ respondeu o chefe.
─ Por que não preciso vir, aqui não abre à tarde? ─ quis saber o prestimoso Esmeraldo.
E o filho da mãe do chefe carioca respondeu:
─ Abre! Mas, à tarde, aqui, todos nós só coçamos saco; e como você não tem mais saco pra coçar, vir pra cá, fazer o quê? ...












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