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COLONIZAÇÃO CULTURAL PÓS-COLONIAL

jjuncal10

HENRIQUE SEIXAS – Dançarino, ator e arte-educador

Maranhense, licenciado em Teatro pela UFMA, com pós em Docência do Ensino Superior e mestrando em Gestão Escola


O desfile competitivo de escolas de samba, já é por muitos conhecido como o maior espetáculo da terra e é, em princípio uma manifestação contemporânea de traço popular, feito pela massa e para a massa. Desde seu início o evento cresceu em vários aspectos e conquistou notoriedade, justamente pelas particularidades próprias das festas culturalmente do povo, logo tem se tornado cada vez mais interessante fazer parte dele.


Há algum tempo esse fazer voltado para o povo vem sendo moldado para contemplar outro público. A inserção da técnica do Ballet clássico e suas vertentes se deu diante do subterfúgio de aprimoramento da mostragem do fazedor do carnaval, contudo essa linha já foi ultrapassa há muito. Hoje, em alguns quesitos, um polegar que não esteja escondido na palma da mão (característica do Ballet) já gera despontuação, um integrante da comunidade que não tenha parte com o Ballet e/ou afins não tem mais espaço pra apresentar sua escola por exemplo em uma comissão de frente. As alas teoricamente voltadas pra comunidade se tornaram, em sua maioria, alas coreografadas, minando a possibilidade da participação de todos, indiscriminadamente, uma vez que é requerida uma habilidade mínima para participar.


Eu tenho familiaridade com o Ballet e suas vertentes e o que discuto aqui, não embarreira meus anseios dentro do carnaval, mas numa esfera coletiva me pergunto, em que ponto o ingresso das especificidades técnicas eruditas passou de agregadora a uma forma de excluir os fazedores iniciais dessa festa?


Não ignoro o que há de bom, aprecio o que é agregador nessa interferência outrora externa, mas é necessário prezar o que confere ao evento conexão com suas origens centrais afim de evitar a completa descaracterização do seu fazer e/ou o abandono de sua motivação primeira, o povo.


Como entender os limites nesse caminhar supostamente evolutivo? É preciso e possível renovar nossas vivências (aqui no âmbito cultural) sem abrir mão de tudo que nos foi dado por aqueles que já se foram e que tanto fizeram por essa estimada manifestação popular.


“Um povo sem o conhecimento da sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes” (Marcus Garvey)





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