CRÔNICA - O PERDÃO
- jjuncal10
- 10 de fev.
- 2 min de leitura

Por Nelson Neves - Pedagogo, Pós-graduado em Coordenação Pedagógica, Escritor de Literatura Infanto-Juvenil e de Romance
Um homem morreu e se viu em um grande salão com diversas outras pessoas. Pelo comportamento dos demais, parecia que ele era o último a chegar ali. Querendo saber onde estava, questionou a pessoa ao seu lado:
— Onde estamos?
— Aqui é o Salão do Perdão. Estamos aguardando para saber se seremos perdoados ou não. É tudo o que sei. O que acontece depois, não sei.
Minutos depois, apareceu um senhor aparentando cerca de 80 anos, com barba branca e longa, além de cabelos igualmente brancos. Ele se posicionou diante de todos, em uma espécie de tribuna, e disse:
— Vocês estão em um salão central. À esquerda de vocês, há outro grande salão, e à direita, mais um. Vocês serão divididos em dois grupos: aqueles que não se arrependeram dos males que cometeram devem se dirigir ao salão à esquerda, e aqueles que se arrependeram, ao salão à direita. E não adianta mentir, pois o Senhor conhece vossos corações.
Dito isso, o senhor voltou para o local de onde havia saído, um corredor atrás da tribuna. Todos no grande salão começaram a se locomover.
O homem, que certamente era o último a chegar nesse espaço misterioso após a morte, dirigiu-se ao salão da direita, junto com dezenas de outras pessoas. Todos estavam felizes, acreditando que já estavam salvos e agraciados para viver a vida eterna. No entanto, o senhor reapareceu, posicionando-se novamente à frente de todos, também em uma tribuna. Olhando firmemente para os presentes, declarou:
— Sei que todos aqui acreditam que já estão salvos, mas ainda não. Há duas etapas. Vocês passaram pela primeira, agora vamos para a segunda. Vocês devem se organizar em duplas. Cada um contará ao outro tudo o que fez de errado na Terra e, ao final, perguntará ao colega se ele o perdoa de coração. Podem se organizar.
Dito isso, todos formaram duplas e começaram a confessar uns aos outros tudo o que haviam
feito de errado na Terra. Minutos depois, o senhor chamou a atenção de todos e questionou:
— Como foi?
Alguns responderam:
— Não tive como perdoar este homem, ele fez muita maldade. — Eu o perdoei, percebi que está verdadeiramente arrependido. — Eu não o perdoei. Não tem como perdoar tanta maldade.
E assim a conversa seguiu, com alguns perdoando e outros não. Então, o senhor estalou os dedos e voltou a dizer:
— Perceberam agora?
Todos ficaram atordoados. O senhor apenas os observava. Após alguns instantes de silêncio, ele continuou:
— É isso mesmo. Na verdade, quando vocês ouviam seus colegas, eles estavam contando os erros que vocês mesmos cometeram, e não os deles. Não perdoá-los foi o mesmo que não perdoar a si mesmos. Quem não perdoou deve se dirigir ao salão da esquerda, onde estavam antes, e depois ao outro salão da esquerda, onde os demais já estão.







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