CRÔNICA - PARADA CARDÍACA
- jjuncal10
- 14 de abr.
- 2 min de leitura

Por Nelson Neves - Pedagogo, Pós-graduado em Coordenação Pedagógica, Escritor de Literatura Infanto-Juvenil e de Romance
Esse ocorrido foi logo após os computadores começarem a se popularizar no Brasil, por volta dos anos 2000. Vamos ao relato.
No fim da tarde, uma família descansava na sala de TV enquanto assistia a um programa. Tudo corria com a mais perfeita normalidade até que o descanso foi interrompido por gritos vindos da casa vizinha. Uma mulher falava alto, lamentando uma grande perda. Os outros membros da família a acompanhavam nos lamentos:
— Como isso foi acontecer!?
— Tão novo!
— Sempre tomamos todos os cuidados!
— O que vamos fazer de nossas vidas agora!? Estamos desamparados!
— Isso não é justo!
— Por que o problema foi acontecer justamente na parte fatal!?
— Filho, pega logo a lista telefônica. Rápido, filho! Vamos!
— Calma, mãe, tudo vai dar certo!
— Nem sei como vai ser quando sua irmã chegar da escola. Nem sei como contar para ela. Que tragédia!
Os vizinhos desligaram a televisão e ouviam tudo com muita preocupação.
— Deve ter morrido alguém.
— Provavelmente o chefe da casa.
— É verdade! E, pelo jeito, foi de infarto.
— Temos que fazer alguma coisa.
— Mas o quê?
— Pelo que pude notar, eles não encontraram a lista telefônica. Podemos chamar o resgate.
Assim foi feito. Não demorou muito, e o SAMU chegou. Ainda do lado de fora, os paramédicos perceberam que todos da família estavam muito nervosos. Os profissionais da saúde entraram na casa com todo o equipamento necessário para prestar socorro a um infartado. Diante daquela situação, que parecia cena de filme americano, a senhora da casa reagiu:
— O que vocês estão fazendo aqui!?
— Cadê o infartado?
— Que infartado? Do que vocês estão falando? Por acaso estão loucos!?
— Recebemos uma ligação para socorrer alguém nesta casa que havia sofrido um infarto.
— Com certeza foi engano, senhor. Quem ligou? Pode ter sido um trote?
— Quem ligou fui eu — disse a vizinha, entrando com o marido.
— Baseado em que você fez isso? Trote é muito feio, sabia? — retrucou a mulher.
— Ouvimos lá de casa coisas do tipo: "Tão novo!", "O que vamos fazer de nossas vidas?", "Foi parar logo na parte mais importante!", "Nem sei como falar para sua irmã quando voltar da escola!". O que eu poderia pensar?
— Ah, sim! Ninguém teve parada cardíaca, não. Foi a CPU do nosso computador que deu pane.







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