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CRÔNICA - PARADA CARDÍACA


Por Nelson Neves - Pedagogo, Pós-graduado em Coordenação Pedagógica, Escritor de Literatura Infanto-Juvenil e de Romance


Esse ocorrido foi logo após os computadores começarem a se popularizar no Brasil, por volta dos anos 2000. Vamos ao relato. 


No fim da tarde, uma família descansava na sala de TV enquanto assistia a um programa. Tudo corria com a mais perfeita normalidade até que o descanso foi interrompido por gritos vindos da casa vizinha. Uma mulher falava alto, lamentando uma grande perda. Os outros membros da família a acompanhavam nos lamentos: 


— Como isso foi acontecer!? 


— Tão novo! 


— Sempre tomamos todos os cuidados! 


— O que vamos fazer de nossas vidas agora!? Estamos desamparados! 


— Isso não é justo! 


— Por que o problema foi acontecer justamente na parte fatal!? 


— Filho, pega logo a lista telefônica. Rápido, filho! Vamos! 


— Calma, mãe, tudo vai dar certo! 


— Nem sei como vai ser quando sua irmã chegar da escola. Nem sei como contar para ela. Que tragédia! 


Os vizinhos desligaram a televisão e ouviam tudo com muita preocupação. 


— Deve ter morrido alguém. 


— Provavelmente o chefe da casa. 


— É verdade! E, pelo jeito, foi de infarto. 


— Temos que fazer alguma coisa. 


— Mas o quê? 


— Pelo que pude notar, eles não encontraram a lista telefônica. Podemos chamar o resgate. 


Assim foi feito. Não demorou muito, e o SAMU chegou. Ainda do lado de fora, os paramédicos perceberam que todos da família estavam muito nervosos. Os profissionais da saúde entraram na casa com todo o equipamento necessário para prestar socorro a um infartado. Diante daquela situação, que parecia cena de filme americano, a senhora da casa reagiu: 


— O que vocês estão fazendo aqui!? 


— Cadê o infartado? 


— Que infartado? Do que vocês estão falando? Por acaso estão loucos!? 


— Recebemos uma ligação para socorrer alguém nesta casa que havia sofrido um infarto. 


— Com certeza foi engano, senhor. Quem ligou? Pode ter sido um trote? 


— Quem ligou fui eu — disse a vizinha, entrando com o marido. 


— Baseado em que você fez isso? Trote é muito feio, sabia? — retrucou a mulher. 


— Ouvimos lá de casa coisas do tipo: "Tão novo!", "O que vamos fazer de nossas vidas?", "Foi parar logo na parte mais importante!", "Nem sei como falar para sua irmã quando voltar da escola!". O que eu poderia pensar? 


— Ah, sim! Ninguém teve parada cardíaca, não. Foi a CPU do nosso computador que deu pane. 









 
 
 

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