top of page
Buscar

DIA 05 DE MARÇO – ANIVERSÁRIO DE PATATIVA. Do ASSARÉ

jjuncal10

JOSÉ WALTER PIRES 

SOCIÓLOGO, ADVOGADO, POETA, CORDELISTA E ESCRITOR 

MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL 


Parabéns a patativa, 

O poeta de Assaré, 

Um sertanejo de fé, 

Verdadeira lenda viva, 

Em cujo verso cativa 

A quem ama a poesia, 

Com tanta sabedoria,  

Vivo para a eternidade, 

“Poeta não tem idade”, 

Moraes Moreira dizia. 

 

Na data do aniversário, 

Registrado neste dia, 

Pra fazer apologia, 

A quem foi visionário 

E cumpriu o itinerário 

Ao cantar a liberdade, 

Porta aberta da igualdade, 

Nesse tempo fugidia,  

Ou simples alegoria 

Dentro da sociedade.  

 

A sua voz ecoou 

Sem demonstrar nenhum medo, 

Disse sem pedir segredo 

A verdade que pregou 

E pelo mundo espalhou, 

Pelo vento foi levada, 

Como semente plantada 

Na aridez dos corações  

Pelos bravios sertões, 

Onde será germinada. 

 

O poeta cantou lá 

Com sua voz altaneira, 

Além disso mensageira, 

Como assim canto de cá, 

Pois maior que ele não há 

Nessa plagas brasileiras,  

Para vencer as barreiras, 

No viver dos sertanejos, 

Pelos sofridos cortejos, 

Nas demandas rotineiras. 

  

A sua verve poética 

Era sobrenatural, 

Do mundo espiritual, 

Numa proteção profética 

Da sua emoção frenética, 

Pois nascido analfabeto,  

Sem conhecer o alfabeto, 

Não deixou arrefecer  

A vontade de vencer 

Como o mais justo projeto.  

 

Sendo uma luta travada 

Em prol da reforma agrária, 

Numa azáfama diária,  

Pela terra dominada, 

Do mais fraco apropriada, 

E vivendo na miséria, 

Com a fome deletéria 

A matar sem piedade, 

Em total desigualdade, 

Que até parece pilhéria. 

 

E dessa forma clamava 

Das alturas, lá da serra, 

Que o sertanejo sem-terra, 

Sem destino se encontrava, 

Porém não se lastimava 

Da cruel situação 

Que para a libertação 

Era preciso lutar, 

Até ver o sol raiar 

Ao buscar a redenção. 

Patativa não morreu 

Nem morreu seu ideal, 

Numa guerra desigual 

Que pela vida viveu, 

Porém não se arrependeu 

De lutar contra os mais fortes, 

Para livrar-se das mortes 

Numa gloriosa história, 

Para restar na memória, 

Mas sem possuir suportes. 

 

Patativa, o cearense, 

Do nordeste brasileiro, 

Da seca feito braseiro, 

Que com seu verso convence  

A ter o que lhe pertence, 

Mas não garante o Direito, 

Dia e noite do seu jeito 

Ao se padecer da sorte, 

E, ainda, ter de ser forte, 

Conforme diz o preceito.  

  

Agarrado na esperança 

Do que Deus o proverá 

Num eterno “Deus-dará 

E por certo nunca alcança, 

A desejada mudança 

Pela terra prometida 

Mas vivendo sem guarida 

De Deus passa a duvidar, 

E se cansa de esperar 

O que sonhou toda a vida. 

 

Assim, chegando ao final 

Desses versos de passagem 

Numa sincera homenagem 

Ao poeta atemporal 

Patativa, genial 

Que deixou o seu legado 

Pela glória, consagrado: 

O REVOLUCIONÁRIO 

Que no seu itinerário 

O sertão ouviu  seu brado. 









 
 
 

Comments


bottom of page