
JOSÉ WALTER PIRES
SOCIÓLOGO, ADVOGADO, POETA, CORDELISTA E ESCRITOR
MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL
Parabéns a patativa,
O poeta de Assaré,
Um sertanejo de fé,
Verdadeira lenda viva,
Em cujo verso cativa
A quem ama a poesia,
Com tanta sabedoria,
Vivo para a eternidade,
“Poeta não tem idade”,
Moraes Moreira dizia.
Na data do aniversário,
Registrado neste dia,
Pra fazer apologia,
A quem foi visionário
E cumpriu o itinerário
Ao cantar a liberdade,
Porta aberta da igualdade,
Nesse tempo fugidia,
Ou simples alegoria
Dentro da sociedade.
A sua voz ecoou
Sem demonstrar nenhum medo,
Disse sem pedir segredo
A verdade que pregou
E pelo mundo espalhou,
Pelo vento foi levada,
Como semente plantada
Na aridez dos corações
Pelos bravios sertões,
Onde será germinada.
O poeta cantou lá
Com sua voz altaneira,
Além disso mensageira,
Como assim canto de cá,
Pois maior que ele não há
Nessa plagas brasileiras,
Para vencer as barreiras,
No viver dos sertanejos,
Pelos sofridos cortejos,
Nas demandas rotineiras.
A sua verve poética
Era sobrenatural,
Do mundo espiritual,
Numa proteção profética
Da sua emoção frenética,
Pois nascido analfabeto,
Sem conhecer o alfabeto,
Não deixou arrefecer
A vontade de vencer
Como o mais justo projeto.
Sendo uma luta travada
Em prol da reforma agrária,
Numa azáfama diária,
Pela terra dominada,
Do mais fraco apropriada,
E vivendo na miséria,
Com a fome deletéria
A matar sem piedade,
Em total desigualdade,
Que até parece pilhéria.
E dessa forma clamava
Das alturas, lá da serra,
Que o sertanejo sem-terra,
Sem destino se encontrava,
Porém não se lastimava
Da cruel situação
Que para a libertação
Era preciso lutar,
Até ver o sol raiar
Ao buscar a redenção.
.
Patativa não morreu
Nem morreu seu ideal,
Numa guerra desigual
Que pela vida viveu,
Porém não se arrependeu
De lutar contra os mais fortes,
Para livrar-se das mortes
Numa gloriosa história,
Para restar na memória,
Mas sem possuir suportes.
Patativa, o cearense,
Do nordeste brasileiro,
Da seca feito braseiro,
Que com seu verso convence
A ter o que lhe pertence,
Mas não garante o Direito,
Dia e noite do seu jeito
Ao se padecer da sorte,
E, ainda, ter de ser forte,
Conforme diz o preceito.
Agarrado na esperança
Do que Deus o proverá
Num eterno “Deus-dará
E por certo nunca alcança,
A desejada mudança
Pela terra prometida
Mas vivendo sem guarida
De Deus passa a duvidar,
E se cansa de esperar
O que sonhou toda a vida.
Assim, chegando ao final
Desses versos de passagem
Numa sincera homenagem
Ao poeta atemporal
Patativa, genial
Que deixou o seu legado
Pela glória, consagrado:
O REVOLUCIONÁRIO
Que no seu itinerário
O sertão ouviu seu brado.







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