IDOSO?... JAMAIS!
- jjuncal10
- 2 de mar. de 2022
- 2 min de leitura

RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
Mais um fevereiro sem aniversário. Desta feita, do ano 2022.
Por ter nascido no dia 29 de fevereiro, ano bissexto, só comemoro meu aniversário de 4 em 4 anos. O lado bom disso é que jamais serei um idoso. Na prática, se eu completar 100 anos, teoricamente só terei 25 aniversários. Contudo, o mais importante é estar com saúde, lúcido e ainda gostar de sexo.
Mas, o que não falta é gente insatisfeita com a idade que tem: a criança quer ficar logo mais velha, o adolescente tem pressa em atingir a maior idade, a pessoa de 50 anos gostaria de voltar aos 30, e o idoso vive relembrando do seu tempo de criança, de jovem...
No encerramento de um evento cultural em Salvador-BA, pude sentir de perto a insatisfação de algumas pessoas com a idade que tinham. Juntei-me a um grupo de oito pessoas, a maioria professoras universitárias – não precisava ser nenhum geriatra para sacar que todas aquelas catedráticas já haviam passado dos 60 anos –, e o papo que rolava era exatamente sobre o tempo de vida de cada uma delas. Bebericando minha dose de Cavalo Branco, fiquei curtindo aquelas docentes escondendo escandalosamente as idades que tinham.
Dizia uma baixinha de cara mais espichada do que coro de pandeiro:
─ Completo 59 em outubro!
Outra que lembrava Dercy Gonçalves baixou ainda mais a bola:
− Faço 58 em dezembro!
A mais rodada de todas foi ainda mais fundo:
─ De já, considerem-se convidadas para a festa dos meus 56 anos em janeiro do próximo ano!
Cheguei a pensar que aquelas senhoras estavam de gozação. Mas, não. Mentiam de verdade. Cinicamente!
Quem me intimou foi uma cujo rosto lembrava o da Zezé Macedo.
− E você, Ribamar (ela leu meu nome no crachá), não gostaria de falar a sua idade?
─ Não! – respondi – as pessoas nunca acreditam na minha idade.
─ Por que não acreditam? – perguntou uma gordinha que estava com o marido (um baixinho com cara de submisso) a tiracolo.
─ Não sei! Mas, sempre que falo a minha idade, dizem que estou mentindo.
─ Você pode nos dizer qual a sua idade?
A curiosidade era geral. Na ocasião, eu havia completado – na prática ─ 46 anos e, talvez pela minha cara de curumim, sempre aparento menos idade. Respondi sério, invertendo a ordem da aparência:
─ Sou mais velho que vocês. Tenho 60 anos.
O “oh!” de admiração soou daquelas bocas retocadas de Botox, seguido de uma expressão de descrença:
− Não! Não pode ser! Com essa carinha de menino peralta! De jeito nenhum, você tem 60 anos!...
E blá, blá, blá... Até que a sósia de Dercy Gonçalves mirou na minha cara “lambida” pelo uísque e buscou a constatação:
Ribamar, nem de longe, você tem 60 anos! Fale a verdade. Você está de brincadeira com a gente!?
Aí, eu fiz questão de relembrá-las:
─ Tô! Mas quem começou com essa brincadeira de esconder a idade foram vocês!






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