Levantando a bola com Fernanda Venturini

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Há uma semana que se iniciou os jogos Olímpicos 2021 (2020) e que semana incrível para nosso Brasil !!!!

Em duas modalidades novas na Olimpíada, já levamos medalhas.

No skate com a Fadinha Rayssa, medalha de prata.

No skate street masculino, faturamos a primeira medalha em Tóquio

No surfe com o Ítalo Ferreira, medalha de ouro.

E pela primeira vez o Brasil leva medalha de bronze no tênis com a dupla Stefani e Pigossi.

Rebeca Andrade foi ouro no salto, primeira na história da ginástica feminina, e prata na prova mais completa do mundo na soma dos quatro aparelhos.

Não é por nada não, mas o Brasil chegou chegando e a nossa matéria de hoje também não podia ser diferente, tive a honra de poder entrevistar uma das melhores levantadoras do vôlei brasileiro feminino, Fernanda Venturini, que participou de 4 Olimpíadas, isso mesmo que vocês acabaram de ler.

Sua primeira aparição foi na Olimpíada de Seul, em 1988. Seguindo por Barcelona, no ano de 1992, depois Atlanta, em 1996, onde conquistou medalha de Bronze, em 2004, foi para Atenas.

-Como atleta e Medalhista Olímpica, neste ano atípico que estamos vivendo em plena pandemia. Se hoje você fosse convocada para as Olimpíadas, você iria ???

Fernanda: "Lógico que eu iria, tomando todos os cuidados, afinal é o sonho de todo atleta, ir para uma Olimpíada e não poderia deixar de passar essa oportunidade, até porque se a olimpíada está acontecendo é porque eles tomaram todos os cuidados, atletas foram vacinados antes e se você tomar cuidado e tiver uma boa imunidade, acredito que não teria risco."

-O que te fez querer ser jogadora de vôlei???

Fernanda: "Na juventude tive um desenvolvimento corpóreo muito rápido, o médico indicou praticar um esporte, eu já gostava de vôlei, eu morava em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), então minha mãe falou: "Filha que esporte você quer fazer?" Eu respondi: gosto de Vôlei, já jogo, brinco na rua, foi então que entrei na escolinha da prefeitura da Cava do bosque em Ribeirão."

-Como é carregar esse título de uma das melhores levantadoras do vôlei brasileiro?

Fernanda: "Acho muito legal ter sido uma das melhores do mundo e ter marcado um tempo, hoje tenho duas filhas a mais nova, joga Vôlei, ela gosta de saber da história, ver meus títulos, troféus, medalhas, acho muito bom fazer parte da história."

-A mãe foi inspiração?

Fernanda: "Acredito que tanto eu como o irmão dela, Bruno."

-O fato de possuir 1,80 de altura você acha que ajuda a ocupar a posição de levantadora ???

Fernanda: "1.80 para quem é levantadora, com certeza é um tamanho muito bom, eu comecei como atacante, passava e defendia muito bem, com o passar do tempo virei levantadora, naquela época, 1.80 era alto para levantadora, porque as levantadoras tinham altura inferiores a 1.80, porém, hoje, já temos levantadoras como a Roberta que tem 1.85 a tendência é ter levantadoras mais altas, a Macris já tem menos. Mas acho que 1,80 era uma estatura boa."

-Sabemos que um atleta não para nunca seus treinos, tem rotinas pesadas, dietas e se privam de muitas coisas. Porém qual a sensação de pisar numa quadra Olímpica, ainda mais você que esteve em 4 Olimpíadas???

Fernanda: " É Sensacional ter participado de 4 Olimpíadas. Se você falasse: você queria mudar sua vida ??? Eu não, gostaria de ter a mesma vida que eu tive, deixei de ter finais de semanas, férias, de sair com os amigos, fazer aquela parte de adolescente, de bagunça, eu não escolhi outra vida, que era do esporte, dormir cedo, se alimentar bem, mas joguei 4 olimpíadas, sem sombra de dúvidas faria tudo de novo."

-Sabemos que o Vôlei é um esporte em equipe, como uma engrenagem, todos têm que estar alinhados, você acha que o fato de ser uma equipe, um ajuda o outro nos momentos difíceis, por exemplo num jogo muito disputado ou numa derrota a se levantar?

Fernanda: "Pelo vôlei ser um esporte em grupo é muito bom, porque as vezes você não está bem, tem o banco pra te substituir, isso é o mais importante porque você não tem a obrigação de todo dia estar jogando 100% você pode estar em um dia ruim, de repente a reserva está melhor ela entra. O bom do esporte coletivo é isso que as responsabilidades são divididas, bem diferente de um esporte individual, se você não estiver bem, já era."

-Você acha que existe mais pressão quando é uma equipe ou quando é um esporte individual?

Fernanda: "A pressão existe sempre né, algo natural do esporte, dos campeonatos, cada modalidade esportiva tem sua pressão, a pressão é pra todos, se você não quer sofrer pressão daí você não entra em campeonato."

-O vôlei brasileiro é um dos esportes principais e que traz muito orgulho para nós Brasileiros. Como você se sente fazendo parte dessa história????

Fernanda: "Eu sei que se, hoje, há o vôlei Brasileiro feminino chegou onde chegou é porque eu fiz parte da história lá traz né, a gente começou a ganhar lá de Cuba, perdia mais do que ganhava, mas a gente fez história com Cuba, quando ganhamos a primeira medalha de bronze e, depois, elas foram conquistando os ouros, com certeza a gente fez parte minha geração."

-Qual a sensação de cada jogo conquistado? E a famosa medalha, como descrever esse momento, no qual tantos atletas extremamente qualificados do mundo todo buscam por ela e de repente você a levanta no pescoço ??? Você como mãe, vendo essa meninada, batalhando e conquistando medalhas nessa Olimpíada, o que diria para os jovens de hoje em dia que sonham em ser atletas???

Fernanda: "Conquistar uma medalha é realmente incrível, acho que é o sonho de todo atleta chegar numa final Olímpica, sem contar que é um orgulho muito grande ter representado um país, dividir essa alegria com milhares de brasileiros, afinal a olimpíada comove e movimenta o mundo."

-Para essa nova geração de atletas que estão em Tóquio em busca desse grande sonho, teria algo que você gostaria de dizer ???

Fernanda: "Precisa ver se quem quer ser atleta quer mesmo. Atleta de verdade, não é aquele atleta de final de semana, ou o que joga uma bolinha de vez em quando. E aquela atleta que vai abrir mão do final de semana, vai treinar mais do que ele treinava e o atleta que cai em busca do sonho, ser profissional e ter como carreira. Precisa saber se ele quer realmente abrir mão de outra parte da vida, em prol do objetivo de ser atleta. Essa é a diferença muitos querem, mas querem mais ou menos, ninguém quer mesmo, agora se você quer mesmo, pode tentar que você consegue. Agora se você quer mais ou menos, não perca seu tempo, porque não vai conseguir."

-Às vezes as pessoas esquecem que os atletas também são seres humanos, em 2019, vendo uma de suas entrevistas, falava que você teve Depressão, algo que cada vez mais pessoas estão tendo, porém muitas pessoas ainda julgam essas enfermidades por não ter "exames" como raio x, tomografia, falam que não é nada ou é frescura, eu não penso assim, pelo contrário acho que essas enfermidades são muito mais difíceis do paciente lutar pois a cabeça é uma grande aliada na cura de várias afecções, já como dito na matéria, em 2020, você já estava curada. O que você falaria para essas pessoas, que tiveram ou tem, depressão, toc, síndrome do pânico entre outras e infelizmente ainda sofrem com julgamentos de alguns. Como campeã nas quadras e na vida, qual seria o seu conselho?

Fernanda: "Falar em pandemia é falar em depressão porque as pessoas estão muito pressas dentro de casa, as pessoas não estão fazendo exercícios, só comem. Costumam comer carboidrato, açúcar, que inflama o corpo, então isso vai levando a pessoa a depressão a tristeza, daí você liga a TV, morreram tantas pessoas, só vê tragédia, morte de pai, mãe, irmão é uma tristeza generalizada. Primeira coisa que eu falo: sai da frente da televisão, para de assistir coisas ruins, vai ver uma Olimpíada, ouvir música, ler um bom livro, porque senão isso só vai te trazer tristeza, vai te levando pro fundo do poço e quando você vê, você já está depressiva, se você estiver muito deprimida é bom procurar um acompanhamento médico, porque é algo sério, tem pessoas que vivem anos em depressão, que suplementar vitamina D, tomar sol, que isso ajuda. Eu diria que hoje em dia tem tantos médicos da nova geração, que é menos remédio e trata através da alimentação, que muita coisa boa está acontecendo. Inclusive hoje tenho um canal no YouTube: 14 minutos de saúde com Fernanda Venturini, que é muito isso, descascar mais e desembrulhar menos, você vai fazer jejum intermitente (emagrece), vai fazer ozonioterapia, uma série de medidas que vai ajudar você a dormir melhor, ter mais disposição, você vai regular seus hormônios, depois dos 30, 35 anos começa a ter uma baixa, de progesterona, testosterona, estradiol, enfim tem que tomar conta de tudo para a pessoa ficar bem e desde que eu me encontrei nesse meio saudável. Hoje eu sou uma pessoa muito mais feliz e, graças a Deus, não tenho problema nenhum e quero poder ajudar as pessoas, quem precisar de ajuda pode me procurar, mas basicamente é isso: cuidar da alimentação e suplementar a vitamina D."

-Para encerrar, nosso papo o que gostaria de acrescentar.

Fernanda: " O melhor técnico para mim foi o Bernardinho, meu ex marido, porque se o Brasil hoje no Vôlei consegue bons resultados, tanto no feminino como no masculino, é por causa dele. Ele mudou o jeito da gente treinar, jogar, ali começou a mudança, porque o Brasil não figurava nas competições internacionais e desde então passou a não sair do pódio, então ele além de ser uma pessoa sensacional é um técnico maravilhoso, agora vai dirigir a equipe da França, pode ter certeza que em 2024 a equipe de vôlei da França masculina vai estar competindo a final, porque tenho certeza que ele irá fazer um grande trabalho, como ele fez na seleção brasileira."

-Queria deixar meus agradecimentos a essa grande atleta, que me deu a honra de entrevistá-la e vou contar para vocês foi um pedido em cima da hora em pleno sábado à noite, ela muito solicita e educada, me concedeu a entrevista. Oh já estou na torcida da sua atleta mirim, que pelo jeito está no sangue da família a paixão pelo Vôlei.

Um excelente domingo e corram para as telinhas, vamos acompanhar os jogos.