MARÇO CHEGOU, E A RESSACA NÃO É SÓ DE CARNAVAL
- jjuncal10
- 9 de mar.
- 2 min de leitura

Por CARLOS AROUCK
FORMADO EM DIREITO E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
O carnaval acabou, e a fantasia que vestiu os foliões por alguns dias foi guardada junto com o sonho de que a vida pudesse ser só festa. Agora, sem marchinha para distrair, a dura realidade econômica do Brasil bate à porta como um cobrador impaciente. O confete ainda pode estar no chão, mas o bolso já sente o peso de março, esse mês ingrato que chega como um lembrete cruel de que a folia não paga as contas.
Em 2025, a economia brasileira parece um carro alegórico emperrado no meio da avenida: vistoso à primeira vista, mas sustentado por improviso e remendos frágeis. A inflação, essa velha conhecida, continua sambando em cima dos salários, que mal acompanham o ritmo. O preço do arroz, da carne e até da conta de luz subiu mais rápido que passista em desfile, enquanto o governo ensaia discursos otimistas que não convencem nem o mais ingênuo dos foliões. O desemprego, rebatizado por estatísticas maquiadas, continua assombrando os brasileiros, que agora se viram em bicos, subempregos e jornadas exaustivas para garantir o básico.
O real segue fraco, uma moeda que já não apita nem no bloco da própria economia. A promessa de crescimento continua nos discursos, mas no dia a dia, o que cresce mesmo é a taxa de juros e o endividamento das famílias. A classe média, que antes sonhava com estabilidade, vê seu poder de compra derreter mês a mês. Para os mais pobres, o desafio não é mais fazer o dinheiro render – é fazer ele existir. Enquanto isso, os ricos seguem assistindo à crise de camarote, blindados pelas vantagens que o sistema insiste em garantir a quem nunca sentiu o peso da miséria.
O carnaval pode ter sido um breve alívio, um gole de alegria em meio à ressaca econômica. Mas agora, sem purpurina para disfarçar, a realidade se impõe: o Brasil continua em um eterno feriado da esperança, onde se promete muito, mas se entrega pouco. E o povo? Esse segue marchando, não em desfile, mas na dura batalha diária pela sobrevivência.







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