
MARCELO BRASILEIRO - CIDADÃO
Militar da reserva das forças armadas - Advogado com especialização em direito Marítimo, Direito Ambiental
Pós graduado pela Escola da Magistratura do Estado do Espírito Santo
Quando eu era garoto, sempre ouvia alguém dizer essas palavras e eu - igual a toda criança que gostava de brincar com formigas, ainda não tinha o necessário discernimento, apto, portanto, à compreensão daquelas palavras.
Como poderiam aquelas criaturinhas acabar com um país inteiro?
Mal sabia que o ainda incipiente agronegócio brasileiro, lá pelos idos da década de 1970 enfrentava um imenso crescimento populacional das tais formigas saúvas (Atta sextens rubropilosa) e os estragos observados nas lavouras emprestava um outro nome à espécie: praga.
O tempo passou, os poderosos inseticidas deram lugar à genética modificação de espécimes e a necessidade do controle populacional das saúvas - e a dinâmica desse controle, são totalmente desconhecidos da maioria dos brasileiros.
Creio até que as formigas saúvas há muito deixaram de ser um dos nossos maiores problemas.
No entanto, na contramão dos avanços promovidos pela indústria químicos farmacêutica e das assombrosas contribuições das ciências biológicas, no plexo institucional brasileiro há uma praga que não recrudesceu.
Muito pelo contrário, essa praga somente cresceu em número de indivíduos, tão quanto em dimensão quando observamos os estragos produzidos aos legítimos interesses da nação.
Falamos aqui da corrupção nas instituições judiciárias.
Um tipo específico de corrupção, qual e muito antes do seu trivial aspecto venal (o quanto absorve em dinheiro), nos aclara a face mais obscura de todo o processo que repousa na degradação moral de quem deveria, verba gratia primus, dar o exemplo.
E juízes têm que dar o exemplo!
Juízes, desembargadores e ministros (essas últimas, duas excrescências que deveriam há muito restarem abolidas) tem que dar o exemplo.
E se quem agora no final do ano, não raro, irá ostentar um contracheque de quase meio milhão de reais - é, acreditem!, quase meio milhão de reais, abandonem a toga e vão para a iniciativa privada.
Vão para a iniciativa privada e ganhem tanto dinheiro quanto suas capacidades possam lhes presumir ganhar. Mas não exijam dos Advogados e das partes (dos seus clientes) o que não lhes é devido!
Não façam como o Desembargador do Mato Grosso do Sul que tentou extorquir um Advogado em três milhões de reais, dos cinquenta milhões que o Causídico ganhou trabalhando!
Falo do mesmo Advogado que foi abatido a tiros enquanto ia para o seu escritório e que também era o dono do telefone celular que revelou o esquema de venda de decisões dentro do STJ.
Afinal, quantos destes indivíduos (os corruptus iudiciarius) fazem questão, exigem e até dão "piti" caso não lhes dispensem o envergado, esburacado e impróprio tratamento de "excelências"?
E excelência, por semântico estamento, significa espírito elevado.
Espírito elevado!
Acontece que, são tantas as denúncias e os casos comprovados de extorsão, propina, venda de sentenças, improbidade, nepotismo e assassinato (entre outros) envolvendo gente da Magistratura e do Ministério Público em seus mais diversos níveis de atuação funcional que, algumas das nossas autoridades judiciárias, por também carrearem à mesma vala do lodaçal todo o bom nome da Justiça, coisa outra não nos parecem ser senão uns espíritos de porcos.
O espírito elevado se nos revela sua verdadeira face de espírito de porco!
Ah, mas não foram com suínos que iniciamos.
Falávamos de formigas.
Daquelas formigas que iriam acabar com o Brasil.
E hoje, máxima data vênia, as verdadeiras e mais nocivas criaturas que estão carcomendo as estruturas institucionais brasileiras são as da espécie Corruptus iudiciarius.
A espécie Corruptus iudiciarius é uma teratogênese (uma aberração judiciária) que somente pode encontrar terreno farto ao seu desenvolvimento em bases constitucionais (na atual Constituição) que lhes deram comida demais, asas demais e ferrões desproporcionais ao tamanho dos seus espécimes.
E se mesmo com tanta corrupção e com tantos estragos à lavoura da Justiça, se o único mal (e única reprimenda) que os corruptus iudiciarius podem receber é a aposentadoria compulsória, isto é sinal de que já passou da hora de mudar a fórmula do veneno e a quantidade do pesticida.
Ou acabamos com o corruptus iudiciarius ou o corruptus iudiciarius acaba com todos nós!








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