PARABÓLA DO FILHO PRÓDIGO
- jjuncal10
- 3 de set. de 2022
- 2 min de leitura

JOSÉ WALTER PIRES -
SOCIÓLOGO, ADVOGADO, POETA, CORDELISTA E ESCRITOR
MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL
Um homem tinha dois filhos!
O mais novo disse um dia
Para o seu bondoso pai:
—Pai, dê-me a minha fatia
Da herança que mereço.
Porque para longe ele iria.
.
O pai, sem pestanejar
Partilhou os seus direitos
Sem mostrar constrangimento
Em lotes que foram feitos
Para evitar as querelas
Em resguardo dos preceitos.
.
Recebendo o seu quinhão
O mais moço, então, partiu
Para um lugar bem distante,
Mas saudade não sentiu
Ao deixar sua família
E pelo mundo sumiu.
Mas foi-lhe ingrato o destino
E os seus bens desperdiçou
Em dissoluto viver
Que pela frente adotou
Sendo-lhe o tempo cruel
Logo a sofrer começou.
.
Na terra onde foi viver
Uma crise aconteceu
Com uma fome macabra
Como jamais conheceu
E lembrou-se amargurado
Do lugar onde nasceu.
.
Passando necessidade
Saiu a pedir ajuda
Dos homens sem piedade
Daquela gente miúda
Agarrada na esperança
Ou só no “Deus nos acuda! ”
.
Estando nessa penúria
Aceitou ir trabalhar
Em uma grande pocilga
Conhecida no lugar
Pertencente a um criador
Para dos porcos cuidar.
Ao despejar a ração
Ele também desejava
Comer daquela porção
Para ver se saciava
Aquela fome canina
Que feria e maltratava.
.
Sem que ninguém o ajudasse.
Naquela situação
Recordou-se do seu pai
(E doeu-lhe o coração)
Quando atendeu ao pedido
Para dar-lhe o seu quinhão.
.
Lembrou-se dos empregados
Com a fartura que tinham
Todos ali, bem tratados
E que contentes viviam
Assim como o seu irmão
Que ao patriarca serviam.
.
Foi assim que resolveu
Cair na realidade:
— Irei ter com o meu pai,
Para dizer-lhe a verdade
Do meu arrependimento
E pedir-lhe piedade.
Então, levantou-se e foi...
Ainda muito distante
O seu pai logo o avistou.
Com o coração pulsante
Foi ao encontro do filho,
E o beijou naquele instante.
.
Disse o filho: — Pai, pequei!
Não posso mais ser chamado
Como sendo um dos teus filhos!
O pai, emocionado,
Abraçou-o, fortemente,
Como se fosse esperado.
.
Então, ordenou aos servos:
— Trazei-lhe o seu vestuário,
Novas roupas e alparcatas
Para o seu uso diário
E vamos comemorar
O dia extraordinário.
.
E o pai continuou:
— Matai, também, um novilho,
Que seja o mais cevado,
Pelo retorno do filho
Que, perdido, foi achado,
Não sendo mais andarilho.
Porém, o filho mais velho
Quando do campo chegou
Ouviu música, cantos, danças
E, surpreso, perguntou:
— Qual o motivo da festa?
E o pai: — Seu irmão voltou!
.
Ao ouvir o que foi dito
Ficou muito indignado
Chamou o pai e lhe disse:
— Para mim há algo errado,
Sempre servi o Senhor
Sem jamais ser contemplado!
.
Então, o pai retrucou:
— Seu irmão estava morto,
Mas agora renasceu:
Pelo tempo viveu torto
Passou fome, frio e sede
Pois perdeu este conforto.
.
— Você não me abandonou
E sempre esteve comigo
E tudo que é meu, é seu
Mais que filho, foi amigo
Nesse tempo decorrido
Não passou nenhum perigo.
— Regozijemo-nos, pois,
Com o retorno do irmão
Compartilhemos da festa
Com toda a nossa emoção
Pois o que ele cometeu
Merece o nosso perdão!
.
Assim, repasso ao leitor
Esse grande ensinamento
Proferido por Jesus,
Encerando, no momento
O que o apóstolo transcreveu
E agora deixo ao comento.
(Bíblia: Novo Testamento - Lucas 15. 11-32)







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