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PARABÓLA DO FILHO PRÓDIGO



JOSÉ WALTER PIRES -

SOCIÓLOGO, ADVOGADO, POETA, CORDELISTA E ESCRITOR

MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL


Um homem tinha dois filhos!

O mais novo disse um dia

Para o seu bondoso pai:

—Pai, dê-me a minha fatia

Da herança que mereço.

Porque para longe ele iria.

.

O pai, sem pestanejar

Partilhou os seus direitos

Sem mostrar constrangimento

Em lotes que foram feitos

Para evitar as querelas

Em resguardo dos preceitos.

.

Recebendo o seu quinhão

O mais moço, então, partiu

Para um lugar bem distante,

Mas saudade não sentiu

Ao deixar sua família

E pelo mundo sumiu.


Mas foi-lhe ingrato o destino

E os seus bens desperdiçou

Em dissoluto viver

Que pela frente adotou

Sendo-lhe o tempo cruel

Logo a sofrer começou.

.

Na terra onde foi viver

Uma crise aconteceu

Com uma fome macabra

Como jamais conheceu

E lembrou-se amargurado

Do lugar onde nasceu.

.

Passando necessidade

Saiu a pedir ajuda

Dos homens sem piedade

Daquela gente miúda

Agarrada na esperança

Ou só no “Deus nos acuda! ”

.

Estando nessa penúria

Aceitou ir trabalhar

Em uma grande pocilga

Conhecida no lugar

Pertencente a um criador

Para dos porcos cuidar.


Ao despejar a ração

Ele também desejava

Comer daquela porção

Para ver se saciava

Aquela fome canina

Que feria e maltratava.

.

Sem que ninguém o ajudasse.

Naquela situação

Recordou-se do seu pai

(E doeu-lhe o coração)

Quando atendeu ao pedido

Para dar-lhe o seu quinhão.

.

Lembrou-se dos empregados

Com a fartura que tinham

Todos ali, bem tratados

E que contentes viviam

Assim como o seu irmão

Que ao patriarca serviam.

.

Foi assim que resolveu

Cair na realidade:

— Irei ter com o meu pai,

Para dizer-lhe a verdade

Do meu arrependimento

E pedir-lhe piedade.


Então, levantou-se e foi...

Ainda muito distante

O seu pai logo o avistou.

Com o coração pulsante

Foi ao encontro do filho,

E o beijou naquele instante.

.

Disse o filho: — Pai, pequei!

Não posso mais ser chamado

Como sendo um dos teus filhos!

O pai, emocionado,

Abraçou-o, fortemente,

Como se fosse esperado.

.

Então, ordenou aos servos:

— Trazei-lhe o seu vestuário,

Novas roupas e alparcatas

Para o seu uso diário

E vamos comemorar

O dia extraordinário.

.

E o pai continuou:

— Matai, também, um novilho,

Que seja o mais cevado,

Pelo retorno do filho

Que, perdido, foi achado,

Não sendo mais andarilho.


Porém, o filho mais velho

Quando do campo chegou

Ouviu música, cantos, danças

E, surpreso, perguntou:

— Qual o motivo da festa?

E o pai: — Seu irmão voltou!

.

Ao ouvir o que foi dito

Ficou muito indignado

Chamou o pai e lhe disse:

— Para mim há algo errado,

Sempre servi o Senhor

Sem jamais ser contemplado!

.

Então, o pai retrucou:

— Seu irmão estava morto,

Mas agora renasceu:

Pelo tempo viveu torto

Passou fome, frio e sede

Pois perdeu este conforto.

.

— Você não me abandonou

E sempre esteve comigo

E tudo que é meu, é seu

Mais que filho, foi amigo

Nesse tempo decorrido

Não passou nenhum perigo.


— Regozijemo-nos, pois,

Com o retorno do irmão

Compartilhemos da festa

Com toda a nossa emoção

Pois o que ele cometeu

Merece o nosso perdão!

.

Assim, repasso ao leitor

Esse grande ensinamento

Proferido por Jesus,

Encerando, no momento

O que o apóstolo transcreveu

E agora deixo ao comento.


(Bíblia: Novo Testamento - Lucas 15. 11-32)










 
 
 

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