POR QUE AS MULHERES AINDA SOFREM VIOLÊNCIAS?
- jjuncal10
- 8 de mar. de 2021
- 4 min de leitura

Angélica Coelho de Oliveira
Soteropolitana, foi Defensora Pública
Estadual em Brumado, Advogada.
Mas afinal, o que mudou para nós mulheres, da época colonial até os nossos dias, desde que dom Pedro de Mello assassinou sua mulher por ter ela sonhado que um homem a olhava? Que será que realmente mudou? Quanto progredimos desde a época em que a voluptuosidade era crime até os dias de hoje, quando ainda há a condenação de métodos anticoncepcionais artificiais e de atos julgados contra natura - o prazer sexual sem o vínculo com a procriação? O que mudou para nós mulheres, que depois de Leila Diniz mostramos nossas barrigas de grávidas nas praias? O que podemos esperar do futuro? Um vestido inatingível numa vitrine? O que podemos responder a tantas mulheres que ainda desconhecem seu papel e seu valor na sociedade? Quais são seus limites em sua condição de mulher e mãe? Quanto o fato de ser mulher pode ainda dificultar sua realização pessoal e profissional?
Por que, ainda hoje, há pessoas que acreditam na bobagem de que à mulher estão reservados apenas os trabalhos do lar, o exercício da maternidade, a obrigação de aceitar - sem discussão - tudo que o marido ou companheiro queira que ela aceite?
As diferenças entre os sexos são um tema controvertido, que suscita paixões, sobre o qual podemos apenas revelar nossas sensibilidades, conceitos e preconceitos, para que os outros tirem suas próprias conclusões.
A mulher, porém, não é diferente do homem no que diz respeito a desejos, sentimentos e aspirações pessoais.
Da pré-história aos dias atuais, a posição da mulher na sociedade sofreu diversas alterações, ora para melhor, ora para pior, de acordo com a cultura dos povos e sob a influência das religiões.
Entretanto, apesar dos avanços conseguidos na determinação do seu papel na sociedade, observamos que muitas mulheres ainda não tomaram plena consciência desse fato.
Deparamos constantemente, no ambiente em que vivemos, seja profissionalmente, seja socialmente, com mulheres que ainda adotam perante o homem um comportamento de submissão, total ou parcial, mas submissão.
Há mulheres que são incapazes de emitir uma opinião contrária à do marido ou companheiro. Vivem elas na equivocada compreensão de que ao homem, por ser ele o “sexo forte”, o chefe da família, cabe a responsabilidade exclusiva de decidir o que é certo, o que é melhor para todos, mesmo que discordem das decisões tomadas, que pensem de forma diferente.
É surpreendente, e ao mesmo tempo frustrante, observar que, apesar do avanço obtido na sua luta para igualar-se ao homem na sociedade, em termos de realização profissional e pessoal, ainda encontramos mulheres que continuam acreditando na superioridade masculina.
O medo e a insegurança de muitas mulheres não têm mais lugar no contexto dos dias atuais em que a família tomou as mais variadas formas, numa época em que milhões de mulheres vivem sozinhas, obrigadas a arcar com a educação dos filhos e o sustento das casas.
Na busca da sua realização pessoal, a mulher terá que tomar uma decisão: ou permanece passiva ou enfrenta os desafios e sai em busca do seu objetivo, disposta a assumir as consequências do seu gesto.
Permanecer inerte é desistir do sonho para cuidar da casa, dos filhos, cozinhar, lavar e passar, ou simplesmente sendo sustentada pelo homem provedor.
Se optar por seguir seu impulso de exercer uma atividade lucrativa, fora de casa, terá, ainda, que dividir-se entre o lar e o trabalho profissional. Se fracassar nessa arte, não sobreviverá como um ser humano pleno.
Tal como os homens, as mulheres nasceram para crescer em espírito, para realizar seus potenciais, para “ser alguém”. O objetivo principal de suas vidas já não é mais o casamento, mas sim a independência, a capacidade de se auto-sustentar. Nestas condições, elas têm liberdade de decidir se desejam ou não se casar e, se forem mal casadas, de tomar a iniciativa para romper o casamento infeliz sem receio das consequências de ordem patrimonial e econômica.
O chamado “sexo frágil” travou diversas batalhas para conquistar o espaço e o respeito que vem obtendo no desempenho de suas atividades laborais. Para chegar ao comando, nas mais diversas áreas, as mulheres tiveram que lutar duramente e, apesar de não haverem conseguido, ainda, igualdade de remuneração com os homens têm demonstrado, em muitos casos, mais competência melhores resultados.
Enquanto ser humano, o gênero feminino pode tudo. As diferenças existentes entre os sexos não podem ser vistas como desigualdades de sorte a tornar a mulher inferior ao homem. A igualdade tem que observar justamente essas diferenças de ordem biológica, orgânica, ou não se pode falar em igualdade.
A realidade do crescimento do espaço feminino tem sido percebida pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade, que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como aos indivíduos do sexo oposto.
Bastante atual o poema "Mulher", de autor ignorado, retrata bem a história de luta das mulheres, como se pode conferir a seguir:
"No Princípio eu era Eva / Criada para a felicidade de Adão / Mais tarde eu fui Maria / Que deu à luz ao que nos trouxe a salvação / Depois, passei a ser Amélia / A Mulher de verdade / Que,
para a sociedade / Não tinha qualquer vaidade / Mas eu sonhava igualdade / E então decidi: Não quero mais... / Quero a minha dignidade / Pois eu tenho ideais ! / Hoje eu não sou só esposa ou filha / Sou pai, mãe, arrimo de família / Sou caminhoneira, taxista / Piloto de avião / policial / feminista / operária de construção ... / E ao mundo eu peço licença / Para atuar onde eu quiser / Meu sobrenome é competência / E o meu nome é MULHER !!!".
Feliz Mês das Mulheres!








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