
TOM LIRA
PROFESSOR E ESCRITOR
O título faz alusão ao discurso recorrente entre os futebolistas brasileiros nos últimos tempos, quando entrevistados após as partidas. O evangelho cristão entrou (de com força) no ambiente esportivo. Orações e sinais religiosos de agradecimento são vistos a todo instante. Antes, durante e depois das partidas.
Chama a atenção, e talvez por razões éticas, que nenhum dos evangelizados competidores declarem evocar suas divindades para a obtenção do triunfo esportivo. Ao menos nas declarações, o que se diz é que suas preces são pela proteção física dos envolvidos. “Que vença o melhor”. Algo que, racionalmente, faz todo o sentido. Afinal, a quem deveria privilegiar a justiça divina com tantos homens bons pedindo a mesma coisa em lados opostos?
No entanto, ontem, em partida válida pela fase classificatória da copa do mundo FIFA do Catar, enfrentaram-se, as seleções da Argentina, do Papa Francisco, e da Arábia Saudita. Ao ver os times perfilados antes da partida me ocorreu que, pelas distinções culturais e religiosas dos envolvidos na disputa esportiva, havia ali um ambiente propício para a utilização de uma espécie de salvo-conduto da fé, visto que, pelo menos em tese, tratava-se de um confronto entre seguidores de Jesus, de um lado, e seguidores de Maomé do outro. Fato que eliminaria a possibilidade de subversão ética em caso de pedidos objetivos pela vitória.
E assim deve ter sido feito! Cada um a sua maneira e na sua intensidade, chamando por Jesus ou por Maomé, se deu a batalha campal.
E para grande surpresa de toda a crônica esportiva mundial e das bolsas de apostas espalhadas pelos quatro cantos do mundo o time de Maomé jogou como nunca. Seguro na defesa, criativo no meio do campo e letal no ataque, impôs ao estrelado selecionado portenho uma derrota inapelável. Um verdadeiro pesadelo das mil e uma noites.
Depois da partida alguns diziam que os islâmicos teriam sido mais sinceros e contundentes em suas preces. Outros alegavam que faltou aos Argentinos um breve telefonema de pedido de reforço ao vaticano. Pelo menos uma mensagem pelo WhatsApp. Analistas mais profundos e rigorosos diziam que “o castigo veio a cavalo”. Alegação que faz referência a uma espécie de punição póstuma pela blasfêmia de Diego Maradona em 1986, quando o craque Argentino afirmou que vitória sobre a Inglaterra se deu por um gol, “roubado”, feito por Deus (La Mano de Dios).
Polêmicas pra lá, o fato é que deu Maomé. A Arábia Saudita venceu e convenceu!
Após o inesperado resultado alguns jornalistas esportivos afirmam ter sido, esta partida, a maior ZEBRA de todas as copas.
Diante disso, me permito ousar uma sugestão. Se for para louvar o feito e homenagear aqueles que triunfaram, troquemos, pois, o nome do bicho. Que a vitória saudita passe a ser considerada como o maior CAMELO de todas as copas.







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