
MARCELO BRASILEIRO - CIDADÃO
Militar da reserva das forças armadas - Advogado com especialização em direito Marítimo, Direito Ambiental
Pós graduado pela Escola da Magistratura do Estado do Espírito Santo
Provavelmente a cidade do Rio de Janeiro declamada pelos poetas e cantada pelos menestréis somente possa ser mesmo conhecida dessa forma, assim como que eternizada no opaco jarro de formol da História.
Acontece que Rio de Janeiro é uma cidade utópica.
Vive no imaginário das pessoas, tão assim como a Babilônia com seus imensos jardins suspensos ou como a Jerusalém celestial.
Projeta uma fábula, mas revela a tragédia.
A fábula do "doce selvagem", do probo Senhor de Escravos, da silente e sábia mucama e de todas essas gentes misturadas e vivendo em perfeita sintonia com o Mar e o Maciço da Tijuca.
A realidade?
Ah, essa é bem outra.
Do concreto armado que impressiona pelo caldo arquitetônico que mistura arte Déco com o pós moderno, neo barroco com o tétrico visual das favelas e de todas as imagináveis carências sentidas na periferia.
É, Copacabana não é São João do Meriti e Leblon não é Pavuna.
A tão propalada solidariedade nada tem a ver com a forma (e os meios) de vida de todas as gentes que habitam a Baixada Fluminense e o brinde da violência - que inclui arrastões em túneis e até gente sendo morta por "bala achada" dentro de hospital da Marinha, apenas testificam o caos que veio sendo gestado, implantado e gerido ao longo de décadas de ferrenha luta pelos meios de ação.
E não existe poder sem o efetivo controle dos meios de ação.
O fato de que deputados estaduais - e não o Governador, escolham os delegados-chefe das críticas e pontuais delegacias de polícia faz prova de que o controle dos meios de ação determina quem de fato manda na cidade.
Das facções criminosas encasteladas nos morros e nos meandros da Zona Oeste, dos marginais-mirins que atuam no Centro, aos bandidos fardados e dos marginais de paletó e gravata (esses dois últimos são os piores!), na cidade do Rio de Janeiro nada mais comove.
Pode até deixar puto da vida, como durante um engarrafamento no Rebouças ou na Avenida Brasil das intermináveis sextas-feiras, mas comover de verdade, ah isso não consegue.
É que para ser, estar ou ficar comovido tem que primeiro sentir e o carioca atualmente só sente o medo e onde só há o medo, creio eu, não sobra lugar para mais nada; nem para comoção.
Tem muito mais gente mandando na cidade e o negócio não é comandar (mandar + com), mas sim mandar e não existe a "ordem" para ficar (ser ou estar) comovido. Pra quê ficar comovido?
Toca! Segue o bonde!
É muito cacique pra pouco índio!
É, o Rio de Janeiro; a cidade das utopias que escondem uma dura (e triste realidade).
Infelizmente.
Opa! PERAI, ainda não terminei!
Disso tudo, sobram os cariocas.
E esses (os cariocas) são o que há de melhor na cidade do Rio de Janeiro.
A cidade do Rio de Janeiro ainda continua valendo não pelo que é, mas pelo que tem:
Seu povo.
E aprendo - todos os dias, a gostar mais dessa gente.








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