- 21 de out.

Veronica de Oxosse Íyálorixá no Ilê Igba Òmó Aro Omin
Professora e Ativista do Movimento Mulheres Negras e luta contra a Intolerância Religiosa! Componho o Coletivo de Mulheres “Curicas Empoderadas”, atuante na área de palestras sobre autoestima e Empoderamento feminino
Portal 10/10, a Força Ancestral e a Transformação de Yansã e Obaluaiê
Em outubro, o universo esotérico se alinhou a portais poderosos e energias de profunda transformação. Os principais marcos vibracionais foram o Portal 10/10 e a energia mística associada ao Halloween, ganhando um toque de força e renovação das Religiões de Matriz Africana.
Portal 10/10: O Recomeço sob o Axé da Renovação

O que é: Um portal numérico que ocorreu em 10 de outubro de 2025. O número 10, repetido, é interpretado na numerologia como um número de forte vibração energética, simbolizando o fim de um ciclo e o início de um novo.
Significado e Matriz Africana: Este período de recomeços e consciência ressoou com o poder de Orixás ligados à transformação e à renovação. A energia do portal foi vista como uma oportunidade de reinício, de olhar para dentro (o "Ori", a cabeça/mente) e se reconectar com o lado espiritual, buscando o Axé (força vital, energia) para os novos caminhos.
• Obaluaiê/Omolu: O Orixá da terra, da cura e da transformação. Regente das passagens entre planos, sua força é essencial nesse recomeço, varrendo as doenças (físicas e espirituais) e permitindo o renascimento após a crise ou o ciclo encerrado.
• Oxumaré: O Orixá do arco-íris e do movimento. Ele representa a renovação contínua e a conexão entre o céu (Orun) e a terra (Aiyê). Sua energia de serpente que morde a cauda simboliza o ciclo ininterrupto de vida, morte e renascimento, perfeito para o período do 10/10.
Como aproveitar: O momento foi propício para meditações de limpeza energética (pedindo a Obaluaiê que levasse o que não serve mais) e para refletir sobre os caminhos a seguir, firmando o Ori para receber o Axé dos Orixás.
Energia Mística de Finados e Halloween: A Força de Yansã e a Ancestralidade
O que é: O período do Halloween (Dia das Bruxas, 31/10) é universalmente um momento de véu tênue entre os mundos, intensificando as energias.
Significado e Matriz Africana: Para as tradições afro-brasileiras, o final de outubro e o início de novembro (Dia de Finados, 02/11) são cruciais, pois marcam o período em que a fronteira entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos (Eguns) se torna mais permeável.
• Yansã/Oyá: A Senhora dos Ventos, das Tempestades e dos Eguns. Ela é a força que movimenta, transforma e rege o portal de passagem das almas. Sua energia está no auge, sendo invocada para proteger, guiar as transformações e trazer a força dos ancestrais para o nosso cotidiano. Muitos terreiros utilizam a data do Halloween (que no sincretismo de alguns se alinha a datas de Exu e Pomba Gira, Guardiões dos caminhos e da comunicação entre os mundos) para celebrar a força dessas entidades e sua ligação com o reino espiritual e os mistérios da noite.
Como aproveitar: Foi um momento de fortalecer a conexão com os Ancestrais (Eguns), acender velas e fazer preces no Portal de Yansã (e Exu), pedindo que as mudanças necessárias cheguem com a força de um vendaval e que a sabedoria dos que vieram antes guie os novos passos.
Outras Energias de Outubro de 2025
Além dos portais principais, as previsões esotéricas complementaram o cenário:
• Lua Cheia Transformadora: Essa Lua Cheia, em seu potencial transformador, pode ser lida como um período de Justiça (Xangô) e força feminina de ação (Yansã), exigindo decisões e coragem para cortar o que impede a evolução.
• Aspectos com Plutão: As movimentações astrológicas de Plutão, planeta associado à morte e ao renascimento, reforçam o tema de Obaluaiê/Omolu, o Orixá que exige o fim de algo para que o novo, mais curado, possa surgir.
• Energia Geral do Mês: A carta do "Bouquet de flores", que simboliza felicidade e plenitude, indica que o resultado dessas grandes transformações (Portal 10/10 e o Axé Ancestral) será de colheita e bem-estar, honrando o caminho percorrido.







Gabriela Matias, jornalista, redatora e assessora de imprensa, graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
INSTAGRAM: @gabrielamatiascomunica
A decisão da Justiça de Minas Gerais de conceder prisão domiciliar a um policial civil suspeito de atirar contra trabalhadores em uma obra na Grande Belo Horizonte reacendeu o debate sobre o alcance e os limites dessa medida. O agente, que estava em prisão preventiva, obteve o benefício por razões médicas, segundo a decisão judicial. O caso gerou forte repercussão social e reacende discussões sobre como equilibrar garantias individuais e segurança pública.
Prisão domiciliar e os critérios previstos em lei
De acordo com o artigo 318 do Código de Processo Penal, a prisão domiciliar pode ser concedida em situações específicas, como quando o acusado é idoso, tem doença grave, é gestante, mãe de criança pequena ou pessoa com deficiência sob seus cuidados. A medida não extingue o processo nem o dever de responder criminalmente, mas substitui a prisão em regime fechado por reclusão em casa, sob condições definidas pelo juiz.

No caso de Minas Gerais, a decisão levou em conta o estado de saúde do policial, que apresentou laudos médicos comprovando a necessidade de tratamento contínuo. Ainda assim, o caso levanta questionamentos sobre proporcionalidade e percepção social de impunidade, especialmente quando a violência é praticada por agentes públicos armados.
Entre o direito à saúde e a proteção da sociedade
Como explica o advogado Dr. João Valença, especialista do VLV Advogados, a prisão domiciliar “é uma medida cautelar alternativa, que deve ser aplicada de forma excepcional e sempre mediante fundamentação sólida. O objetivo é preservar direitos fundamentais, como o da integridade física e o acesso à saúde, sem comprometer a aplicação da lei penal”.
O advogado ressalta, contudo, que a concessão indevida dessa medida pode gerar sensação de injustiça e descrédito no sistema. “É preciso rigor na análise de cada caso, especialmente quando há risco à coletividade. O equilíbrio entre a dignidade humana e a segurança pública é o que garante legitimidade ao processo penal”, explica.
O papel do Judiciário e o impacto das decisões
Decisões como essa, segundo especialistas, demonstram a importância da individualização das medidas cautelares. O juiz deve avaliar não apenas o crime em si, mas também as condições pessoais do acusado e a existência de alternativas menos gravosas. A prisão domiciliar, portanto, não é um “privilégio”, mas um instrumento jurídico que deve ser aplicado com cautela e sob controle rigoroso.
O episódio em Minas Gerais também reforça a necessidade de transparência e comunicação por parte das autoridades, para que a sociedade compreenda os motivos legais de decisões dessa natureza. A falta de informação adequada pode gerar descrença nas instituições e interpretações distorcidas sobre o papel do Judiciário.
Reflexão sobre o sistema penal brasileiro
O caso do policial mineiro expõe uma das maiores contradições do sistema penal brasileiro: a necessidade de conciliar direitos humanos e segurança pública. A prisão domiciliar, quando usada de forma correta, é um instrumento legítimo para garantir a integridade física do acusado, mas sua aplicação indevida pode gerar sensação de impunidade e descrédito nas instituições.
Mais do que discutir se a medida é justa ou não, é essencial que o Judiciário mantenha critérios claros, transparência e fundamentação rigorosa em cada decisão. A confiança da sociedade na Justiça depende disso — de um equilíbrio real entre o rigor da lei e a preservação da dignidade humana.
Com informações de publicações em diversos sites, como https://vlvadvogados.com/ e site de notícias https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/10/19/justica-determina-a-prisao-domiciliar-de-policia-civil-suspeito-de-atirar-contra-trabalhadores-em-obra-na-grande-bh.ghtml







Por CARLOS AROUCK
FORMADO EM DIREITO E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
UM TERREMOTO POLÍTICO ANUNCIADO PELO POVO
Em 2018, o Brasil assistiu a um fenômeno político. Jair Messias Bolsonaro venceu uma eleição sem tempo de TV, sem estrutura partidária e sem marqueteiros milionários e, ainda assim, varreu o sistema. A classe política, a academia e boa parte da imprensa tentam até hoje entender o que aconteceu. Chamaram-no de “populismo”, “onda conservadora”, “ressurgimento da extrema direita”. Mas o nome que pegou, bolsonarismo, segue sendo mais um rótulo do que uma explicação.
O que a esquerda, e parte da elite intelectual, ainda não compreenderam, é o que um usuário das redes sociais resumiu com precisão: “o bolsonarismo é orgânico”. Ele não precisa de cartilha, partido nem direção central. É um movimento que brota das entranhas da sociedade da sensação difusa de que o Brasil foi sequestrado por uma elite política e moral que já não representa o povo.
É isso que torna relevante o estudo publicado recentemente por João Feres Júnior, professor da UERJ. Em artigo para a Revista Opinião Pública, Feres propõe algo que poucos acadêmicos ousaram fazer: compreender o bolsonarismo não como delírio coletivo ou patologia política, mas como um fenômeno legítimo de opinião pública.
A pesquisa, que analisou o perfil dos eleitores de Bolsonaro nas eleições de 2022 com base em dados empíricos, revelou algo que contradiz o senso comum. Não existe um “tipo único” de bolsonarista. O que há é uma colcha de retalhos ideológicos costurada por sentimentos comuns como o antipetismo, a desconfiança nas instituições e a defesa da ordem e da moral.
Segundo Feres, é possível identificar ao menos três grandes blocos dentro desse universo: o liberal antipetista pragmático, que vota em Bolsonaro mais por rejeição ao PT do que por afinidade ideológica. É o eleitor que quer menos Estado, mas que se indigna com a corrupção e os privilégios de Brasília; o militarista punitivista, que acredita na força, na disciplina e na autoridade. É o cidadão que defende penas mais duras e vê nas Forças Armadas um símbolo de ordem mesmo podendo ser progressista em questões sociais; o evangélico ultraconservador, base moral do movimento, que enxerga em Bolsonaro a defesa da família, da fé e dos valores tradicionais ameaçados pelo avanço do progressismo cultural.
Segundo o autor, esses três grupos, distintos entre si, formam a alma do bolsonarismo, um mosaico de valores e crenças unificados por um sentimento de rejeição ao establishment. Não é apenas sobre política; é sobre identidade. É sobre quem representa “o povo de verdade” e quem faz parte da “casta” que vive de privilégios e narrativas.
A originalidade do estudo de Feres está em algo simples, que é separar o discurso de quem fala da interpretação de quem ouve. Bolsonaro pode dizer “Deus, pátria e família”, mas cada eleitor entende isso à sua maneira. Há quem o veja como um cruzado moral; há quem o veja como escudo contra o comunismo; e há quem o veja apenas como o homem que enfrentou o sistema e “falou o que ninguém mais tinha coragem de dizer”.
Essa multiplicidade é o que dá ao bolsonarismo sua força e, ao mesmo tempo, sua resistência.
Enquanto movimentos de esquerda dependem de partidos, sindicatos e intelectuais, o bolsonarismo se move nas redes, nas igrejas, nas rodas de amigos e nos grupos de WhatsApp.
É o “Brasil de baixo” conversando consigo mesmo, sem mediadores, sem censura e sem vergonha de ser conservador.
Não por acaso, perfis bolsonaristas reagiram ao estudo com desconfiança. “A esquerda está investindo em estudos para nos destruir”, ironizou um usuário no X (antigo Twitter).
O tom conspiratório pode soar exagerado, mas revela um sentimento real: o de que a academia tenta decifrar o bolsonarismo não para compreendê-lo, mas para neutralizá-lo.
E, de fato, há algo de intrigante nisso. A esquerda tenta “fundamentar o perfil do bolsonarismo”, mas continua tropeçando em sua própria lente ideológica. Fala em “Fake News”, “discursos de ódio” e “atraso civilizatório”, sem perceber que o que move esse eleitorado é menos o ódio e mais o ressentimento de quem foi deixado de fora da conversa nacional.
O estudo de Feres Júnior mostra que o bolsonarismo não é uma massa uniforme, mas uma constelação de percepções, um movimento mais emocional do que doutrinário, mais social do que partidário. É, em última instância, um grito coletivo de quem se recusa a continuar sendo governado por quem se diz dono da verdade.
Enquanto a esquerda ainda busca enquadrar o fenômeno dentro de suas teorias — fascismo, populismo, autoritarismo —, o bolsonarismo segue se reinventando, pulsando fora das universidades, nas ruas e nas telas.
Pode-se gostar ou não. Mas ignorar que o bolsonarismo se tornou uma expressão legítima de opinião pública é insistir em lutar contra um fantasma que já tomou corpo. Ele não precisa de palanque, basta um celular, uma crença e a sensação de que ainda há algo a defender: a liberdade de ser o que se é, sem pedir permissão à elite que perdeu o monopólio da narrativa.
O fenômeno bolsonarista tem base não apenas política, mas também moral e civilizatória.
Ele se ancora na ideia de uma economia produtiva, voltada ao trabalho, à geração de riqueza e ao mérito, como sustentáculo de uma sociedade conservadora nos valores e solidária nas relações humanas.
Em sua essência, o bolsonarismo projeta um Brasil que se preocupa com a família, com os idosos, com os doentes e com o próximo. Uma sociedade que respeita a dignidade de todas as pessoas, apoia as comunidades e valoriza a relação do indivíduo com Deus.
Trata-se de uma proposta de segurança coletiva não como repressão, mas como proteção contra uma minoria agressora, a mesma que tenta impor comportamentos, silenciar divergências e transformar virtude em crime.
Nesse sentido, o bolsonarismo se define menos como um partido e mais como uma resposta cultural: o reflexo de um país que cansou de ser governado de cima para baixo e decidiu, enfim, falar por si.

























