- há 5 dias

RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
(Ao Dia dos Professores, 15 de outubro)
Ninguém deveria se atrever a ser educador simplesmente pelo fato de acharque tem o dom de ensinar. Todo educador teria que possuir o saber com profundidade para transmiti-lo na sua essência, exercer com convicção a sua função na sua plenitude teórica, técnica específica e com competência pedagógica. Afinal, o professor é o porta-voz das teorias tão almejadas para um saber pleno. Contudo, existem situações e localidades carentes de tudo, onde pessoas com algum conhecimento teórico se predispõe a ensinar aos seus coirmãos a arte de ler, escrever e contar (palmas para essas pessoas). São os denominados professores leigos. Nesse particular, conheci, na Vila Pedra Preta, em Brumado-Bahia, o lavrador, enfermeiro, pedreiro, músico e também professor leigo, Justiniano. Justiniano era pau para toda obra!
Certa tarde cheguei à porta da sala de aula de uma escola na Vila Pedra para tratar de um serviço com o artífice Justiniano, oportunidade em que ele ministrava uma aula de leitura para cerca de vinte crianças. Ao pressentir a minha presença na porta da sala, Justiniano ficou ainda mais eufórico na sua postura de professor. Ele havia escrito no quadro, em letras garrafas, com as sílabas separadas, a palavra U RU BU. Tal qual um maestro, o bravo professor leigo Justiniano conclamou os alunos a soletrarem com ele... U – RU - BU, em seguida (pasmem!), ele pronunciou alto e em bom tom, sílaba por sílaba:
─ A – RU - BU!!! E a meninada repetiu em uma só voz:
− A – RU - BU!!!
Depois desse “grande feito”, Justiniano colocou o giz sobre a mesa, esfregou uma mão na outra e me recebeu com a sobrepujança de um mestre que acabara de passar seus profundos conhecimentos aos seus discípulos.
Naquele instante deduzir porque grande parte das pessoas da Vila Pedra Preta pronunciavam “arubu”, ao invés de urubu. Foram discípulos do bem-intencionado Justiniano.
(Coisa do sistema educacional da época que adotava os tidos como professores leigos. Atualmente, o ensino municipal de Brumado abrange, com qualidade, todo município, inclusive com 100% das escolas em tempo integral).
― PARABÉNS BRUMADO, PELA BOA GESTÃO EDUCACIONAL, PARABÉNS AOS
PROFESSORES PELO DIA!







Por SIMONE SALLES
JORNALISTA, MESTRE EM COMUNICAÇÃO PÚBLICA E POLÍTICA
Nesta semana, o Papa Leão XIV defendeu a importância de uma imprensa livre, plural e confiável ao receber os participantes da 39ª Conferência da Associação MINDS International, rede global que reúne as principais agências de notícias do mundo. O encontro ocorreu no Palácio Papal. Em seu discurso, o Santo Padre ressaltou que o jornalismo não é apenas uma profissão, mas um direito que deve ser protegido por todos contra a manipulação e a mentira. Ele lembrou que muitos profissionais arriscam suas vidas para revelar realidades de guerra, injustiça, dor, e que sem esse esforço, permaneceriam ocultas.
Na análise de Leão XIV, a informação deve ser encarada como “bem público” e as agências de notícias têm papel fundamental como antídoto contra a desinformação, o sensacionalismo e as narrativas distorcidas que proliferam nas redes. Segundo ele, essas instituições precisam exercer seu trabalho com rigor e seriedade, criando uma espécie de “barreira” contra quem divulga mentiras.
“Quem trabalha numa agência, como bem sabeis, é chamado a escrever rapidamente, sob pressão, até em situações muito complexas e dramáticas. Com maior razão, o vosso serviço é precioso e deve ser um antídoto contra a proliferação de informação “lixo”; portanto, requer competência, coragem e sentido de ética”, enfatizou.
O Papa também alertou para os riscos trazidos pela inteligência artificial e pelos algoritmos, questionando quem controla essas ferramentas e com quais intenções. Ele destacou que não basta produzir e distribuir informação rapidamente: é preciso garantir que ela seja verdadeira e que respeite a dignidade humana, sob pena de permitir que interesses econômicos ou políticos tomem conta do processo comunicacional.
Leão XIV insistiu que, em uma era marcada pela degradação informativa, o jornalismo deve resistir à pressão de ideologias e divisões com o intuito de manter a qualidade do trabalho jornalístico. Ele citou o ensino de pensadores como a filósofa política alemã de origem judaica, Hannah Arendt, para lembrar que regimes totalitários prosperam justamente quando a realidade e a ficção se misturam, tornando difícil distinguir o que é fato do que não é.
O discurso papal reforça que informação correta e plural não é luxo, mas condição indispensável para que indivíduos e comunidades façam escolhas livres e conscientes. Ele convoca jornalistas, cidadãos e instituições a protegerem esse direito essencial diante dos desafios contemporâneos.
Frente às novas tecnologias, à proliferação de notícias falsas e à concentração de poder comunicacional, a defesa papal do direito à informação correta é um lembrete da missão social do jornalismo, não apenas como prestador de serviço, mas como garantidor da democracia, da dignidade humana e do bem comum.






- há 6 dias

Veronica de Oxosse Íyálorixá no Ilê Igba Òmó Aro Omin
Professora e Ativista do Movimento Mulheres Negras e luta contra a Intolerância Religiosa! Componho o Coletivo de Mulheres “Curicas Empoderadas”, atuante na área de palestras sobre autoestima e Empoderamento feminino
A palavra Ebó (Ebo), na sagrada língua yorùbá, ressoa com o significado de Oferenda, Sacrifício ou Intercâmbio Cósmico. Ele não é apenas um ritual; é um ato de profunda alquimia espiritual, uma tecnologia ancestral que estabelece uma ponte energética direta com os Orixás, as Forças Primordiais da Criação.
O propósito fundamental do Ebó é a Transmutação: transformar a densidade e o desequilíbrio (seja na saúde, no destino profissional, nos laços familiares, no amor ou na justiça) em harmonia e fluxo de Axé — a energia vital universal. Para o povo de Ifá e do Candomblé, todo o trabalho realizado como entrega ao Sagrado é, em sua essência, um Ebó.

A Revelação do Destino
O Ebó é uma ciência oculta, uma prática cerimonial que só pode ser revelada e prescrita através da leitura do Destino, seja pelo oráculo do Jogo de Búzios ou pelo sagrado Òpèlè Ifá (o Jogo de Ifá). O oráculo atua como um espelho da alma, indicando o Odù (o Caminho ou Signo astrológico-ancestral) que rege o momento.
Somente os Babalawôs, Babalorixás e Yalorixás (os Sacerdotes e Sacerdotisas do mistério) possuem a chave para decifrar a mensagem e determinar a fórmula exata do Ebó, que pode envolver magias, simpatias e outros rituais de reequilíbrio.
A Força da Palavra em Ação
O cerimonial do Ebó é sempre potencializado por cânticos e invocações (Orikis), que vibracionalmente movimentam o universo espiritual e convocam o Axé do Orixá.
Um exemplo dessa força transformadora é a invocação:
• Sààra rú ìyè ebo ikú ònòn! (Eu sacudo a vida com o Ebó, para que a morte e o caminho da desgraça se afastem!).
As Facetas da Entrega Sagrada
O Ebó se manifesta em diversas modalidades, cada uma com uma finalidade precisa no fluxo da vida:
• Ebó opé: A Sagrada Oferenda de Gratidão. É o reconhecimento humilde e sincero ao Panteão Divino pelas bênçãos e pelo Axé concedido.
• Ebó ètùtù: A Oferenda de Pacificação e Harmonia. Realizada para apaziguar tensões, equilibrar situações caóticas e selar o corpo contra as investidas do mal e da negatividade.
• Ebó ara enu je: A Oferenda que alimenta o Corpo e a Alma. Um ritual de entrega focado na própria matéria física e nas necessidades essenciais, onde o corpo recebe a energia transmutadora através do que é ingerido ou manipulado.
• Ebó pípe: A Oferenda Plena. Um banquete ritualístico completo com comidas votivas, honrando a totalidade dos dezesseis principais Orixás e garantindo um profundo reequilíbrio cósmico.





