
Por CARLOS AROUCK
FORMADO EM DIREITO E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
A entrada de Flávio Bolsonaro na corrida presidencial de 2026 provocou um terremoto imediato. Em apenas 48 horas, o senador acumulou mais de 117 milhões de visualizações orgânicas, mobilizou 1,3 milhão de perfis únicos e dominou os trending topics nacionais. Caravanas surgiram espontaneamente em várias capitais, sem convocação centralizada, exatamente como em 2018. O bolsonarismo provou, mais uma vez, que é o único movimento político vivo no Brasil capaz de gerar mobilização em massa sem depender de estrutura partidária ou verba publicitária.
O timing não foi acaso. A pesquisa do Instituto Veritá colocou Flávio em empate técnico com Lula logo após o anúncio. A combinação de alcance digital avassalador e presença real nas ruas enterrou a narrativa de que a direita estava órfã ou desmobilizada.
Os números são brutais e raros: em dois dias, Flávio superou o engajamento que candidatos tradicionais levam meses para construir e sem gastar um centavo em impulsionamento oficial. O sistema sentiu o impacto. Imprensa, analistas e adversários entraram em modo pânico.
Porque o bolsonarismo nunca morreu. As medidas autoritárias do STF (censura, prisão arbitrária de aliados, inelegibilidade de Bolsonaro) tiveram efeito bumerangue. O brasileiro médio entendeu que o poder legítimo vem da urna, não da toga.
Jair Bolsonaro rejeitou a pressão da direita fisiológica e do mercado financeiro, que insistia no nome de Tarcísio de Freitas. Ele escolheu outro caminho, de guerra total, sem recuo nem acordos de bastidor.
A reação do mercado foi imediata e os analistas de plantão correram para repetir o mantra de que “Flávio não tem chance”. Para os bolsonaristas, isso só confirma que o sistema está com medo.
Pesquisas tradicionais como Datafolha seguem desacreditadas pela direita e com razão. Erraram feio em 1989 (Collor), em 2018 (subestimaram Bolsonaro) e em 2022 (projetaram vitória folgada de Lula no 1º turno). Hoje mostram Flávio 15 pontos atrás. Ninguém na base leva a sério. Depois do que aconteceu com Trump (quanto mais perseguiram, mais cresceu), o padrão já é conhecido.
Perseguição política só reforça a narrativa de vítima e mobiliza o eleitorado conservador.
O cenário global joga a favor. Trump voltou à Casa Branca, Milei rompeu o consenso esquerdista na Argentina, Elon Musk expôs a censura brasileira no mundo todo e Alexandre de Moraes já é alvo de sanções americanas por violação de direitos humanos. O vento mudou de lado.
2026 não será uma eleição normal. Será um referendo: de um lado, o bloco que prendeu, calou e alinhou o Brasil às agendas globalistas; do outro, Flávio Bolsonaro, o único nome capaz de representar a continuidade do projeto que colocou Deus, pátria e família no centro da política brasileira.
Bolsonaro passou o bastão.
Agora é com Flávio.
E, principalmente, com o povo que nunca se rendeu.







- 12 de dez.

RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
Como ocorria todos os anos, naquele 4 de agosto, o bom baiano Generino preparou a sua suruana (caminhão cara-chata), selecionou o pessoal, na maioria mulheres e velhos, e partiu em romaria, do Sul para o Oeste do seu estado, com destino a gruta de Bom Jesus da Lapa. Era promessa, dizia ele.
O plano de viagem de Generino era o mesmo dos anos anteriores. Faria as mesmas paradas para reabastecimento da suruana e “desabastecimento fisiológico” dos romeiros. O pernoite seria num velho depósito à beira da BR-030, próximo ao povoado de Ibitira, o qual ele preocupa-se em reservar de um ano para o outro.
Foi só a suruana de Generino ganhar a estrada para a descontração tomar conta daqueles romeiros. Mulheres tagarelavam, velhos pitavam cigarros de palha, outros só contemplavam as paisagens. Januário Biscateiro, que de romeiro devoto só tinha o chapéu, distraia-se olhando, nos seus monóculos, recortes de filmes pornô, que certamente lhes garantiriam uma boa grana na Lapa. Generino, no volante, guiava com um olho na estrada e o outro no espelho retrovisor, acompanhando os “lances” das romeiras desatentamente sentadas nos bancos da carroceria, enquanto Dona Brasilina, mãe de Generino, na cabina da suruana, enganava a fome “mofando farinha de mandioca” com isca de torresmo. No banco do fundo da carroceria, um litro de cinzano passava de boca em boca. Nas passagens da suruana pelas comunidades do trajeto, Dona Brasilina puxava um canto religioso e todos cantavam com ela, uns com fé e outros no embalo:
― Ave! Ave! Ave! Maria!... Vez por outra, o canto era interrompido, quando algum provocador da comunidade perguntava de sacanagem:
― Maria vai aí?...
― Vai a puta que o pariu!!! ‒ respondiam embravecidos, mas logo adiante voltavam a cantar:
― Ave! Ave! Ave! Maria!...
Nas paradas que faziam pelo caminho, o inevitável corre-corre dos romeiros para o mato sempre dava margens a pilhérias:
― Ô Lalá, cuidado com cobra aí na tua moita!
― Destá que eu mijo in riba dela!
― Seu Amâncio, tome um caco de telha prumóide não mijá na percata !
― Por que tu não me dá tua tarraqueta, seu ximbungo, prá vê se eu não mijo dendela?...
Com a volta da suruana à estrada, cessavam-se as brincadeiras.
Já passava das oito horas da noite, quando Generino estacionou a suruana, ao lado do depósito, próximo a Ibitira, para o pernoite. Todos desceram carregando esteiras, papelões, plásticos, tudo que servisse para não deitar no chão. Estavam exaustos. Dona Brasilina precisou de ajuda para locomover-se. Mas Generino, não, estava inteiro. Para ele, finalmente, chegara o momento mais excitante da viagem. Porque era ali, naquele depósito, que o pilantra costumava tirar grandes proveitos das suas romarias.
Tal qual nos anos anteriores, Generino, impacientemente, deixou que todos dormissem e, na calada da noite, no breu da escuridão do interior do depósito, o safado, de mansinho, deitou-se entre as romeiras. Usou primeiro a mão. Não houve reação contrária, apenas um gemido. Generino, então com muita traquinagem, despiu-se, posicionou-se e foi, foi, foi... conseguiu dar o seu “bote”. Antes de retirar-se sorrateiramente para a cabina da suruana onde dormiria, o tarado deu um nó na barra da saia da sua vítima para poder identificá-la na manhã seguinte. Aliás, a maior curtição do porreta era satisfazer a sua curiosidade em saber quem fora a “peça”. Lembrava-se que, no ano retrasado, a “felizarda” foi a prima Rosinha de Ipiaú, por sinal, grande pedida! Já no ano passado, a “contemplada” foi a quenga Balbina, que nem compensou o risco, já que ela vivia se oferecendo e ele não queria. Mas dessa vez, que ele selecionara só “filé”, quem teria sido a figura?... A galega Chica? A viuvinha Lia?... essa, coitada, tão carente, teria sido até um favor. Ou a pretinha esguia Dadá, nos seus dezoito aninhos?...
Mal o dia clareou, Generino de olho na porta do depósito, buzinou a suruana convocando os romeiros a tomar café e seguir viagem.
Generino era todo expectativa: saiu Zefa, Chica, Lia, Dadá e nada do nó. O coração do boca preta batia descompassado de tanta ansiedade... De repente, olha o nó. Generino levou desesperadamente as mãos à cabeça, clamou:
― Vige Maria, cumi mainha!!!
Dona Brasilina, sempre que lembra daquela romaria, pergunta a Generino, porque ao chegar a Bom Jesus da Lapa, ele desceu da suruana e caminhou de joelhos até a gruta sagrada.







- 11 de dez.

Dentro da noite muito clara, os companheiros reunidos em casa de Pedro comentavam as dificuldades na divulgação das ideias redentoras.
Muita gente se valia do socorro de Jesus, buscando vantagens próprias. Certo negociante provocava o ajuntamento popular em determinada região da praia, a fim de estimular a venda de vinhos; carroceiros vulgares intensificavam a propaganda do Reino Celeste, nas cercanias, não com o objetivo de se tornarem melhores, mas para alugarem veículos diversos a doentes de longe, interessados na assistência do Mestre.
O parecer de quase todos os apóstolos era inquietante e desalentador.
Foi quando o Divino Amigo, tomando a palavra, explanou:
— Certo filósofo, mergulhado nos estudos da Revelação Divina, possuía um discípulo que nunca se conformava com a incompreensão do povo quanto às verdades celestes. Inflamava-se, de minuto a minuto, contra os maus, os ingratos ou os hipócritas, que abusavam dos elevados ensinamentos de que se via portador.
O mestre ouvia-o e guardava silêncio, até que numa linda manhã, vindo um aguaceiro rápido de estio, convidou-o para um breve passeio até o campo próximo, depois de refeita a paisagem.
Não haviam andado meia-milha, quando avistaram vasta faixa de pântano; e o orientador, observando que o charco recebia a água da chuva, explicou:
— Eis que o lodaçal recolhe o líquido celeste e com ele faz imundo caldo, mas existem batráquios que se beneficiarão com segurança e eficiência, porquanto, se não chovesse, provavelmente estas águas escuras se transformariam em veneno mortal.
Depois de alguns passos, encontraram poças de enxurrada nos recôncavos de terra dura, e o mentor, analisando-as, acrescentou:
— Aqui, a fonte jorrada do firmamento é agora lama desagradável; entretanto, que seria deste chão estéril se a água divina o não visitasse? Amanhã, talvez veremos neste solo perfumada floração de lírios rústicos.
Marcharam adiante e detiveram-se na contemplação de algumas árvores nuas. A água, nos galhos ressequidos, parecia cinzenta e fétida, mas o instrutor esclareceu:
— Nestas árvores abandonadas, a bênção da chuva cristalina se fez pesada e sombria; no entanto, que lhes aconteceria se as dádivas do Alto as não beneficiassem? Possivelmente, morreriam, em breve, até às raízes. Em poucas semanas, porém, cobrir-se-ão de ramagens fartas, servindo aos lares abençoados dos passarinhos.
Demandaram além e descobriram alguns pessegueiros, cujas flores guardavam as gotas do céu, com tanta beleza, que mais se assemelhavam, dentro delas, a diamantino orvalho, levemente irisado pela claridade solar. O mestre, indicando-as, disse:
— Aqui, as pétalas puras conservaram o dom celeste com absoluta fidelidade e, muito em breve, serão perfume e beleza em excelentes frutos para o banquete da vida.
Logo após, espraiando o olhar pela paisagem enorme, falou ao discípulo espantado:
— Jamais censures o manancial do socorro celeste. Cada homem lhe recebe o valor no plano em que se encontra. Guardando-lhe os princípios sublimes, o criminoso se faz menos cruel, o pior se mostra menos mau, o imperfeito melhora, o infortunado encontra alívio e os bons se engrandecem para maior amplitude no serviço ao Nosso Pai. Se possuis raciocínio suficiente para discernir a realidade, não te percas em reprovações vazias. Aprende com o Supremo Senhor que ajuda sempre, de acordo com a posição e a necessidade de cada um, e distribui com todos os que te cercam os bens do Céu que já podes reter com fidelidade e o Céu te abrirá o acesso a tesouros sem-fim...
Do livro: JESUS NO LAR
Pelo Espírito de Neio Lúcio
Francisco C Xavier


























