
RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
Natural de Pastos Bons, no Maranhão, Otavinho tinha um interesse fora do comum por OVNI.
Dona Dalva, mãe de Otavinho, afirmava que ele nasceu olhando para o céu como quem já procurava outros mundos no universo. E, assim, Otavinho cresceu, tornou-se caminhoneiro e, com ele, cresceu também o seu interesse pelas supostas aparições entre nós de habitantes de outros planetas e de outras galáxias.
No volante do seu caminhão, Otavinho viajava pelas estradas brasileiras sempre atento a tudo que se relacionasse com aparições de discos voadores. Relatos, fotos, notícias.... Emocionara-se muito quando conheceu, em Varginha, Minas Gerais, o local onde um prefeito daquela cidade pretendia construir um campo para pouso e decolagem de naves espaciais. Achou muita sacanagem daqueles que zombaram da infinda imaginação daquele estratosférico político, o que culminou com a não execução da importante obra.
Otavinho levava tão a sério a sua mania pelos fenômenos extraterrestres que carregava na cabina do seu caminhão uma filmadora, esperançoso de ele próprio poder, um dia, documentar a aparição de um OVNI. Ou até, quem sabe, registrar um contato com um extraterrestre. ─ Já pensou aparecer nas televisões do mundo inteiro de dedos dados com um ET? Igual ao menino do filme?! Seria o máximo!
Fazia mais uma noite de calor lascado lá pras bandas do Piocerá (divisa do Piauí com Ceará), Otavinho conduzia o seu caminhão naquele ermo quando avistou, bem adiante, na margem da estrada, dois grandes fachos de luzes incandescentes. De súbito, a aguçada intuição de Otavinho o fez parar o caminhão. Intuitivamente, ele desceu do veículo com a filmadora a tiracolo. Caminhou lentamente ao encontro dos fachos de luzes até visualizar, em frente ao enorme clarão, a silhueta de uma criatura com cabeça redonda, pescoço fino, tronco largo e braços rentes ao tronco, cujas mãos tocavam o chão. Otavinho, num misto de medo e curiosidade, mesmo apavorado, preparou-se para filmar aquele vulto esquisito. No íntimo de Otavinho, não havia mais dúvida, ele finalmente estava diante de um ET igualzinho ao do filme. Apesar do calor escaldante que fazia, o ufológico caminhoneiro suava frio e tremia de excitação, caminhando agachado em direção à inusitada criatura.
Otavinho, de súbito, conteve-se temeroso de sofrer uma abdução, porém, possuído pela sua incomensurável curiosidade do contato que poderia fazer com o extraterrestre, criou coragem e gritou para a criatura com uma voz alta e bem cadenciada:
─ EU SOU OTÁVIO AUGUSTO! SOU TERRÁQUEO! CAMINHONEIRO! TÔ PRONTO PARA UM CONTATO!
A voz que Otavinho ouviu saiu espremida, forçada:
─ Eu sou Severino! Piauiense! Motorista da Itapemirim! Parei o ônibus aqui e tô cagan...!
Depois dessa, Otavinho trocou a filmadora por uma espingarda calibre 12 e jurou:
─ O primeiro ET de verdade que eu encontrar pela frente vai levar um tiro na testa!







Meu amigo Zeca, sempre criativo!! Muito bom!!