
RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
Acho Mário Sérgio Cortella um bom filósofo da atualidade. Este texto tem a ver com o ponto de vista dele em alguns aspectos na vida.
Cortella diz que a coisa mais bonita que já viu no Cristianismo é uma fala de Jesus que está no Evangelho de João, capítulo 10, versículo 10: “Quero que tenhais vida e vida em abundância”. A perfeição nessa fala de Jesus é que abundância não é excesso para ser desperdiçado. Abundância é a presença do suficiente. Pode ser de comida, de afeto, de trabalho, de vida... Além de se tratar da ideia de felicidade e fraternidade. Sem dúvida, muito bonito. Afinal, quem o disse foi a única Pessoa perfeita que veio a este mundo. Portanto, perfeita a observação de Cortella sobre a fala de Jesus.
Com base na filosofia de Cortella, observamos outros aspectos efetivos na vida.
Arrogância:
O arrogante acha-se o único, mesmo sabendo que pode estar errado. Para o arrogante, os outros são diminutos. O arrogante normalmente fala alto para fazer valer sua imposição. Em suma, a arrogância é um despojo na Vida;
Consolação:
Amargura, tristeza, aflição, desgosto, dor, infortúnio, luto, tudo isso requer consolação. A consolação deve ser procurada, na medida em que esses infortúnios deprimem e retiram à vontade pela Vida;
Dissimulação:
Desconfie da alegria exagerada. Já dizia o carioca Mariano José Pereira da Fonseca, Marquês de Maricá, “Quem muito nos festeja alguma coisa quer de nós”. Então, cuidado com a dissimulação. A alegria espontânea, sem dissimulo, alegra-nos a alma e a Vida;
Mágoa:
Ao invés de mágoa, fiquemos só com a lembrança. A mágoa aguça o ódio que nos é de direito. É preciso controlá-la, mesmo nos lembrando do que não dá para esquecer. A mágoa / ódio pode fazer-nos repetir o mal que alguém nos fez, igualando-nos por meio da vingança. Ruim para a Vida;
Calúnia:
O que não é verdadeiro com relação ao outro. É um drible na percepção. A calúnia ofende, ameaça, magoa... A língua que calunia mata simbolicamente a vítima inocente. A calúnia degrada a relação na Vida;
Fartura:
Tem tudo a ver com abundância. Uma mesa farta, uma casa farta ─ abundante ─ não é a que tem excessos. É aquela em que a fartura permite partilha. Bom para todos. Bom para a Vida;
Solidão:
É comum que muitas pessoas se sintam sós. Não confundir solidão por vontade de ficar sozinho para poder cuidar um pouco de si, pensar, dar um tempo, com a solidão malévola que é a resultante da ausência de conexão, de contato com outras pessoas, de sentir-se abandonado. Ficar só, por escolha, é uma boa; ficar só por não ter escolha é algo que deprime. A solidão deprimente pode custar a Vida;
Inconveniência:
É, também, o inverso de apoiar, estimular, ajudar, consolar. Dizer: Estás vendo? Eu te falei!... A culpa é tua!... Agora é tarde! Essas insinuações só pioram quem já está ferido, vitimado, infartado, abatido. É a inconveniência piorando a Vida;
Audácia:
Não confundir audácia com aventura. Audácia é a característica de quem não perde oportunidade. Mudança se faz com os audaciosos, não com os aventureiros. O aventureiro diz: Vamos que vamos e veremos no que dá! O audacioso supera as incertezas com planejamento, organização, estudo e realização. Ótimo para a Vida.
Amigo:
É a pessoa conveniente que ajuda quando cometemos algum deslize, que alerta e que se preocupa com a nossa integridade, com a nossa felicidade, que nos oferece palavravas de carinho, de conforto quando necessário. Por isso, amigos são poucos na Vida;
Vida e Morte:
Se somos seres mortais, a vida é o tempo entre o nascimento e a morte. Portanto, é preciso cuidar muito bem desse tempo. A longevidade depende do modo e do conjunto de hábitos durante este tempo. Nascer e morrer é solidário, viver, não!








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