A CASA

JUNCAL

Não era bem uma casa, mas um casarão. Ou um Casalhão, talvez uma Casarra ou, sendo mais irônico, um Casãosinho. O importante é que era uma casa tão grande que se dividia em Norte/Sul e Centro-Oeste/Sudeste. Por ser grande, transformou-se em uma baderna geral. 

O pessoal do Centro, responsável por cobrar os aluguéis para manter a casa e realizar melhorias, usava e abusava das taxas. Eram taxas, mais taxas e, no fim, “ERA UMA CASA MUITO ENGRAÇADA, NÃO TINHA TETO, NÃO TINHA NADA…”. Mas não ficava só nisso: havia também o conselho, escolhido pelos moradores do Norte/Sul e do Centro-Oeste/Sudeste, que pouco agia. Seus salários e vantagens enormes os deixavam parados no tempo, e os poucos que queriam agir eram minoria. Mas o pior ainda estava por vir. 

Os Aceitáveis eram o verdadeiro terror, pois haviam sido indicados pelo Centro e se sentiam intocáveis. O Estatuto do Casarão, criado pelos próprios moradores, era usado única e exclusivamente pelos Intocáveis, representados por 13 “CONCUBINATOS”, que o interpretavam e moldavam a seu bel-prazer. 

Um bando de viciados em benefícios e canalhices, que não poupava nem o povo do Norte/Sul e do Centro-Oeste/Sudeste. Para eles, o que importava eram suas formas de agir, pensar e penalizar. 

Assim, deixar a cozinha desarrumada ou a comida apimentada era visto como ato de desobediência. Ir ao banheiro e demorar demais na privada era considerado sinal de pensamentos inadequados. 

Faziam uma bagunça danada com atos naturais das pessoas, que acabavam penalizadas: eram obrigadas a ficar presas no quarto, pagar multas… e algumas iam até para os quartinhos do fundo do Casarão. 

O Casarão vinha sofrendo muito com as perseguições dos Intocáveis, “POIS HAVIA UM OVO NO MEIO DO CAMINHO”. Não se cansavam de criar fatos, especulações, enfim, uma verdadeira invencionice, apenas para afagar seus egos, preferências e desejos. 

O Casarão tinha vizinhos: alguns acolhedores, mas a grande maioria contrária, já que o bairro era muito politizado… Mas essa é uma continuação para uma próxima história, que virá em breve.