
RUI LOBO
Um retirante chega no terreiro da casa de uma fazenda no pôr do sol de um inverno catingueiro e, depois de saudar os moradores, pede para acender um fogo para fazer uma sopa de pedras.
Com a autorização dos abismados camponeses, tira de um saco uma grande panela e solicita um pouco de água dos atônitos nativos.
Depois de receber o líquido da vida, cata várias pedras que abundam na frente da casa, e, depois de acender o fogo com gravetos que também encontrou no terreiro, coloca as pedras na panela com água e indaga o velho agricultor se ele não teria um pouco de sal, uns dentes de alho e um tiquinho de coentro e cebolinha, só para dar um gostinho em sua sopa, no que foi prontamente atendido pelos solícitos agricultores.
Quando a água na panela começa a ferver o andarilho indaga os donos da casa se eles não teriam um pouquinho de carne, só para dar um gostinho em sua iguaria especial, a sopa de pedras.
Os incrédulos sertanejos resolveram pagar pra ver e trouxeram um bom pedaço de proteína animal bovina, no que o homem da sopa cortou em pequenos pedaços e colocou na panela fumegante.
Passados meia hora, o retirante tira do saco uma velha concha, da qual retira todas as pedras da panela e de posse de um velho prato esmaltado de ferro, enche o de sopa e saboreia a sua iguaria, sem oferecer aos seus anfitriões.
Que no nosso dia a dia, aprendamos que não existe sopa de pedras, o que sobra são chefs desta gastronomia deveras indigesta.
P.S.: QUALQUER SEMELHANÇA COM O MOMENTO POLÍTICO DISTÓPICO QUE ESTAMOS VIVENDO, TERÁ SIDO MESMO PROPOSITAL.










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