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CRESCIMENTO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

jjuncal10

JEFERSON FRANCO, escritor (União Brasileira de Escritores (UBE) 2.720/1984), palestrante, poeta, biógrafo, inventor, chef de cuisine não profissional, metalurgista e advogado atuante, Kardecista e Rosacruz, normalizador de trabalhos acadêmicos de nível superior (graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado) conforme Comitê Brasileiro 14 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (Informação e Documentação), autor dos livros de poemas “POESIA GERAL E INCOMPLETA” (1983), “APENAS MAIS POESIA” (2010) e do livro técnico “COMO ELABORAR TRABALHOS ACADÊMICOS NOS PADRÕES DA ABNT APLICANDO RECURSOS DE INFORMÁTICA”


PARTE 1/3


Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, Censo 2010, disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/>. [s.p.]), em 2010, o número de seguidores de religiões protestantes no Brasil cresceu em 22% no período entre 2000 e aquele ano. (MAGGIE, Yvone. G1. Categoria: Todas. Sex, 20/07/2015. O Brasil não é mais um país apenas católico? Disponível em: <http://g1.globo.com/platb/yvonnemaggie/2012/07/20/o-brasil-nao-e-mais-um-pais-apenas-catolico/>.).

Esta realidade revelou-se um dado interessante na esfera da divisão das religiões no país, uma vez que a história relata a vocação até então eminentemente católica da população, em função desta ter sido a religião dos colonizadores portugueses e espanhóis.


Diversas são as razões apontadas por vários estudiosos com relação a este fenômeno, sendo que alguns afirmam que estes fiéis das religiões protestantes, em sua maioria, são católicos que mudaram de profissão de fé, hoje frequentando e participando das diversas denominações evangélicas oficiais e não oficiais.

A hipótese é a de que é possível que uma combinação entre a má administração da Igreja Católica na conquista e na manutenção de seus seguidores associada a um trabalho de marketing eficiente fez com que muitos católicos migrassem para Igrejas Protestantes, aumentando o crescimento destes no Brasil.


inicialmente, o conceito de religião é vasto, podendo variar de acordo com o objetivo da pesquisa. No Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa - Ed. histórica 100 Anos. 5. ed. Rio de Janeiro: Positiva, 2010, p. 22): “[Do latim religione]”. S. f. 1. Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada (s) como criadora (s) do Universo, e que como tal deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s). 2. A manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos. 3. Restr. Virtude do homem que presta a Deus o culto que lhe é devido. 4. Reverência às coisas sagradas. 5. Crença fervorosa; devoção, piedade. 6. Crença numa religião [V. religião (1 e 2). ] determinada; fé, culto: Esta moça adotou a religião do marido. 7. Vida religiosa: Abandonou o mundo e abraçou a religião. 8. Qualquer filiação a um sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética, metafísica, etc. 9. Modo de pensar ou de agir; princípios: Falar mal dos outros é contra minha religião. ”


A religião se manifesta nas mais diversas partes do mundo de formas múltiplas, com traços peculiares e específicos de cada cultura, o que torna o tema amplo e complexo.


Historicamente, a literatura relata o uso da Religião como forma de domínio, recurso aplicado pelas primeiras dinastias da História, utilizando-se o credo religioso para o estabelecimento da Teocracia (posteriormente Faraonismo), através do qual os soberanos representavam a divindade na terra e transmitiam aos descendentes o poder sobre os demais, demonstrando que, desde o início, as religiões foram usadas como a principal fonte de poder sobre a massa dos povos.


Segundo Usarski (Frank. O espectro disciplinar da Ciência da Religião. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 19), o conceito de religião pode ser compreendido sobre a égide de quatro elementos, a saber: “Sistemas simbólicos e peculiares; 2) Para o religioso, ela é a subjetividade do transcendente, (algo e maior e mais poderoso). Neste caso, a alteridade; 3) As dimensões da fé, a instituição, os ritos, a experiência religiosa e a ética; e 4) As religiões alimentam esperanças do ser religioso, exercendo tarefas individuais e comunitárias, inclusive na dimensão política.


“A religião se desenvolve e ressignifica suas doutrinas a partir de novas convicções e nuances culturais e tecnológicas. Ou seja, os conceitos doutrinários de pecado, certo ou errado, passam pelas significações da cultura, (do Ethos), e esses por sua vez, podem sofrer alterações no decorrer do tempo. ” (CAMUR


Assim, estudar as religiões no contexto pós-moderno não é uma tarefa dispensável como pensam alguns. Aliás, é de extrema importância a compreensão do tema para que se estabeleçam boas relações sociais, e até mesmo mercadológicas. A religião e a religiosidade não desapareceram, nem esvaziaram de sentido e valor, elas revestiram-se de uma nova roupagem. Foram ressignificadas, mas continuam vivas tanto no imaginário coletivo como nas ondas virtuais, por meio das expressões cúlticas virtuais e imagéticas, porém com um mercado crescente e milionário.


Como vivemos em um mundo globalizado, as relações de mercado se estenderam além das fronteiras locais. Logo, alcançam as culturas mais diversas possíveis, e inevitavelmente se exige dos mercadores o conhecimento amplo de seus clientes, fornecedores, consumidores, e isso perpassa também pelo crivo da religião. Por exemplo, ao realizar transações comerciais com a Índia, não seria prudente ofertar uma vaca sacrificada, ou ainda com destino ao sacrifício, já que de conhecimento público que a vaca é considerada sagrada naquela cultura. Da mesma forma, ofertar um jantar com a mesa farta em iguarias suínas a um representante mercador de origem adventista seria uma afronta à religiosidade do cliente, ou no mínimo, total negligência com os detalhes que certamente farão a diferença entre negociar ou não. (SILVA, Irisomar Fernandes. Da importância de uma transposição didática das Ciências das Religiões ao Ensino Religioso: uma perspectiva para as escolas públicas do Espírito Santo. Trabalho de Conclusão de Curso [Mestrado] Profissional em Ciências das Religiões da Faculdade Unida de Vitória (FUV). Vitória/ES: FUV, p. 29).


A primeira coisa a ser dita e entendida é que, mesmo vivendo em um país ocidental e cristianizado, Religião e Cristianismo não são sinônimos, mas também, não são antagônicos. Dito de outra forma, o Cristianismo é uma das diversas religiões existentes em nosso planeta. Em nosso país, há igualmente uma grande diversidade de representações simbólicas de cunho religioso, que devem ser respeitadas com tal. (Idem, ibidem).


“O que confere legitimidade ao respeito a essa diversidade é o fato de o pluralismo religioso estar resguardado pelo artigo 5º da Constituição da República Federativa Brasileira (CRFB). ” (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, promulgada em 5 de outubro de 1998. (CRFB). Brasília: D.O.U. de 5 out. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>..., p. 34).


É fácil identificar, isolar e estudar a religião como o comportamento exótico de grupos sociais restritos e distantes. Mas é necessário reconhecê-la como presença invisível, sutil, disfarçada, que se constitui num dos fios com que se tece o acontecer do nosso cotidiano. A religião está mais próxima de nossa experiência pessoal do que desejamos admitir (...). Como o disse poeticamente Ludwig Feuerbach: “A consciência de Deus é autoconsciência, o conhecimento de Deus é auto-conhecimento. A religião é o solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação dos seus pensamentos íntimos, a confissão aberta dos seus segredos de amor. ” (ALVES, José Eustáquio Diniz. A dinâmica das filiações religiosas no Brasil entre 2000 e 2010. Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP - Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012. In: PRATES, Marcos. Católicos serão ultrapassados por evangélicos até 2040. Exame.com. Brasil. 22/07/2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/catolicos-serao-ultrapassados-por-evangelicos-ate-2040>, p. 12-13).


“Todos possuem liberdade plena de exercício de sua fé e de cultos, respeitando, evidentemente, o direito dos outros cidadãos brasileiros de não serem importunados por qualquer forma agressiva ou invasiva de religiosidade. ” (Idem, ibidem, p. 35).


A religião tem, em si, outras diversas e significativas influências que precedem o comércio e a sociedade, está no ser humano, é dela um fator constituinte: não existe sociedade sem religião ou sem expressões elevadas à alteridade.


Também pode ser explicada como: re-ligare: (do latim), ligar novamente, religar os seres humanos com Deus, voltar a ligar, ainda que tais definições tenham a ver com a religiosidade cristã, que no Brasil é cerca de 88% da população.


“A religião pode auxiliar o ser humano em suas vivências, influenciando-o em suas práticas relacionais, mas, também pode lançar uma perspectiva de vida futura, uma resposta às indagações filosóficas e religiosas quem sou, de onde vim, para onde vou? ” (Op. Cit., p. 72).


Ainda para Alves (1984), a religião não foi superada pela Filosofia e outras linguagens como a ciência, por exemplo. A religiosidade continua viva na história da humanidade.


“Toda e qualquer expressão cultural tem suas representações religiosas e as buscas das relações com o transcendente, com a alteridade, pelos que manipulam os poderes e as forças misteriosas, os milagres e as forças superiores que antecedem a humanidade e o transcende. Assim, vale a pena uma breve reflexão sobre o que é religião. ” (Op. Cit., p. 36-38).


Sobre a Religião no mundo, tem-se que “Com a queda do Império Romano (séc. V), a religião surge lentamente como elemento agregador dos inúmeros reinos bárbaros formados após sucessivas invasões; seus chefes são pouco a pouco convertidos ao cristianismo, e a Igreja se transforma em soberana absoluta da vida espiritual do mundo ocidental. ” (Op. Cit., p. 131).


O pensamento moderno (Racionalismo) destaca que: “Desde o Renascimento, a religião, suporte do saber, vinha sofrendo diversos elos com o questionamento da autoridade papal, o advento do protestantismo e a consequente destruição da unidade religiosa. Ao critério da fé e da revelação, o homem moderno opõe o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. Ao dogmatismo opõe a possibilidade da dúvida. Desenvolvendo a mentalidade crítica, questiona a autoridade da Igreja e o saber aristotélico. Assume uma atitude polêmica perante a tradição. Só a razão é capaz de conhecer. ” (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando - introdução à Filosofia. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Moderna, 1993, p.136).


No pensamento político medieval observa-se a vinculação da política à religião, conforme afirma Aranha (Op. Cit., p. 174): “Dois amores construíram duas cidades: o amor de si levado até ao desprezo de Deus edificou a cidade terrestre, civitas terrena; o amor de Deus levado até ao desprezo de si próprio ergueu a cidade celeste; uma rende glória a si, a outra ao Senhor; uma busca uma glória vinda dos homens; para a outra, Deus, testemunha da Consciência, é a maior glória. (Santo Agostinho). ” E complementa a autora: “O desejo de unidade de poder, de restauração da antiga unidade perdida, se expressa na difusão do cristianismo que representa, na Idade Média, o ideal de Estado universal. Desde o final do Império Romano, quando o cristianismo se tornara a religião oficial (ano 313), estabelece-se a ligação entre Estado e Igreja, pois esta legitima o poder do Estado, atribuindo-lhe uma origem divina. ” (Op. Cit., p. 174).








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