JULGO, LOGO EXISTO!
- jjuncal10
- 12 de abr. de 2023
- 2 min de leitura

ERIC PIRES
ADVOGADO, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, PROCURADOR DO MUNICÍPIO DE BRUMADO
“Muitos que vivem merecem a morte. E alguns que morrem merecem viver. Você pode dar-lhes a vida? Então não seja tão ávido para julgar e condenar alguém a morte. Pois mesmo os muitos sábios não conseguem ver os dois lados. ” -Gandalf
A advocacia nos força ao exercício da dualidade. Toda história possui versões relatadas sob diferentes prismas, assim, para o juiz, o que importa é aquilo que foi provado de acordo com os critérios de distribuição de ônus da prova.
Na vida real, a “verdade” toma contorno personalíssimo, a dualidade é esquecida, e empreendemos as nossas próprias “verdades”. Confeccionamos as nossas próprias réguas para medirmos o mundo e proferirmos nossas sentenças monocráticas sob o império das nossas razões.
Decidimos quem morre e quem vive. Disparamos projéteis engatilhados em dedos hábeis e vorazes, à revelia do ensinamento do mago branco.
O problema é que poucos sabem o que falam e muitos não sabem o que escutam. Gandalf nos alerta: “ Para olhos tortos, a realidade pode ter um rosto desvirtuado. ”
Somos as nossas circunstâncias. Nossas “verdades” sempre serão enviesadas. David Hume, filósofo do ceticismo, diz que sempre agiremos em cumprimento de algo demandado pela emoção, de modo que não existiria uma “razão pura”, apenas argumentações racionais para justificar nosso posicionamento.
Ora, se nossas referências nos condicionam, como escaparíamos do possível equívoco de julgamento? Talvez, se nos orientarmos diante daquilo que nos pareça mais sólido. Porém, se desconhecermos as circunstâncias, abster-nos-emos. E, Antes de medirmos o mundo, indagar-nos-emos: qual a nossa relevância em nossa circunferência? Traduzindo, antes de “salvar as baleias”, o que temos feito para melhorar nosso círculo de convivência? Somos alguém com quem podem contar? Agregamos valor àqueles que se aproximam? As pessoas nos querem ter por perto?
“Saruman acredita que apenas um grande poder pode manter o mal sobre controle, mas não é o que descobri. Descobri que são as pequenas coisas, as tarefas diárias de pessoas comuns que mantém o mal afastado, simples ações de bondade e amor. ” – Gandalf.
Antes de mudarmos o mundo, arrumemos nossas camas.






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