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Senado dos EUA aprova plano fiscal de Trump com voto de desempate: entenda o impacto do projeto

POR GABRIELA MATIAS, JORNALISTA, REDATORA, E ASSESSORA DE IMPRENSA, GRADUADA PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB)


Na última semana, o Senado dos Estados Unidos aprovou por margem mínima um dos projetos mais controversos do atual governo: o “One Big Beautiful Bill”, plano fiscal e orçamentário proposto pelo presidente Donald Trump. O empate técnico na votação (50 a 50) foi desfeito pelo voto decisivo do vice-presidente J.D. Vance, garantindo ao Executivo um importante vitória. Mas essa conquista política vem acompanhada de uma série de questionamentos sobre os impactos do projeto na economia americana, nos programas sociais e no equilíbrio fiscal a longo prazo. 


Um plano ambicioso com efeitos profundos 


O “One Big Beautiful Bill” não é apenas um plano orçamentário: é uma declaração clara das prioridades do governo Trump. Entre as principais medidas, o projeto prevê a prorrogação de cortes de impostos iniciados em 2017, a ampliação de gastos com defesa e imigração, e a redução de investimentos em áreas sociais e ambientais, como o Medicaid (programa de saúde para famílias de baixa renda) e os incentivos à energia limpa. 

Foto: Reprodução/Freepik 


Essas mudanças, de acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), podem aumentar a dívida federal em cerca de US$3,3 trilhões em dez anos, acendendo um sinal de alerta entre economistas e investidores. Apesar disso, o governo defende o pacote como uma forma de impulsionar o crescimento e reafirmar os valores conservadores da administração Trump. 


O Senado dividido e a pressão política 


A votação no Senado revelou a divisão interna entre os próprios republicanos. Três senadores do partido — Susan Collins, Rand Paul e Thom Tillis — se posicionaram contra a proposta, alegando preocupações fiscais e críticas à forma como os cortes sociais foram tratados. 


O empate exigiu a atuação do vice-presidente J.D. Vance, que exerceu seu poder constitucional para desempatar a votação. O gesto reforçou sua lealdade ao presidente, mas também deixou claro que a aprovação foi conquistada com fôlego limitado e base fragilizada. 


A urgência de Trump em aprovar o projeto antes do feriado de 4 de julho foi vista como tentativa de reforçar sua imagem junto à base conservadora. A data tem forte simbolismo patriótico, o que ajuda a capitalizar a vitória politicamente. 


Repercussão pública e posicionamentos contrários 


O projeto gerou críticas imediatas de líderes da oposição, setores da imprensa e até mesmo de nomes influentes do setor privado. O senador democrata Chuck Schumer afirmou que a medida “prejudica famílias vulneráveis enquanto favorece milionários”, apontando ainda o risco de destruição de até 840 mil empregos devido ao corte de programas federais. 


Além da crítica política, figuras como Elon Musk também se manifestaram contra o pacote. Em suas redes sociais, Musk classificou o plano como “insustentável” e “contrário à inovação”. As reações apontam para uma rejeição crescente fora da bolha republicana, especialmente entre defensores da economia verde e da proteção social. 


Nesse contexto, o advogado João Valença, do VLV Advogados, fez um alerta: “Planos fiscais dessa magnitude, especialmente aprovados em clima de forte polarização política, podem gerar instabilidade jurídica para empresas e investidores internacionais que dependem de previsibilidade institucional nos EUA”. 


A nova etapa: Câmara dos Representantes 


Apesar da vitória no Senado, o trâmite legislativo ainda não foi encerrado. O projeto retorna à Câmara dos Representantes, onde precisará ser votado novamente devido às alterações feitas no Senado. E a situação lá também é delicada: a primeira versão havia sido aprovada por apenas um voto de diferença. 


A ala mais conservadora do Partido Republicano, conhecida como Freedom Caucus, ameaça travar o avanço da proposta se suas exigências não forem atendidas. Isso mostra que a instabilidade legislativa ainda pode adiar — ou até enterrar — o pacote antes da sanção final por Trump. 


O “One Big Beautiful Bill” é mais do que um plano fiscal: é uma peça-chave da estratégia eleitoral e ideológica de Donald Trump em seu segundo mandato. Ao apostar na ampliação de cortes de impostos e na redução de programas sociais, o governo acena para sua base conservadora, mas enfrenta resistência intensa de parlamentares, analistas e do setor produtivo. 


A aprovação apertada no Senado foi uma vitória importante, mas frágil. O destino do projeto agora depende da Câmara e do equilíbrio entre diferentes forças dentro do próprio Partido Republicano. Enquanto isso, os Estados Unidos seguem divididos entre promessas de prosperidade e os riscos de aprofundamento das desigualdades. 


 

 

 

 

 
 
 

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