SOBERBA
- jjuncal10
- 10 de dez. de 2021
- 3 min de leitura

TOM LIRA
PROFESSOR E ESCRITOR
Bom vê-lo por aqui, caro leitor.
Nos últimos dias tenho observado aqui da minha janela o fervilhar das articulações políticas visando à escolha de candidatos e a preparação das campanhas para o pleito presidencial do ano vindouro.
Talvez eu seja um viciado em buscar razões onde elas não existem. Ou se existem, estão para muito além da minha limitada capacidade de compreensão. O fato é que não consigo ver o agora sem olhar para o cenário que o precedeu e, muito menos, sem tentar, minimamente, projetar o que virá depois. E é justamente neste exercício, um tanto insano, que as razões me fogem ainda mais.
Não estou certo disso, mas acredito que se um ser de outro planeta chegasse por aqui e se apropriasse do nosso recente histórico político ficaria tão confuso quanto eu. É provável que voltasse para o seu planeta dizendo que conheceu na Terra um lugar muito esquisito chamado Brasil. Um lugar de gente insana ou, como desconfio, soberba.
Pois bem! O que me leva a acreditar nessa soberba do povo brasileiro, em especial do eleitor brasileiro é o fato de tratar com certo desprezo a candidatura de um sujeito cujo preparo para assumir o cargo máximo do executivo é evidente. Um homem que já foi testado e aprovado, ocupando cargos da gestão pública como prefeito, governador e ministro, obtendo resultados extraordinários em todas as oportunidades. Além disso, esse mesmo sujeito milita na vida politico/partidária há mais de trinta anos, inclusive como parlamentar, sem nunca ter sido sequer citado em algum dos muitos escândalos de corrupção que marcaram nossa triste história recente.
O mais curioso dessa aparente soberba é que aqueles, e não são poucos, que torcem o nariz quando se sugere o nome desse tal sujeito, o fazem sob a seguinte justificativa: “O fulano é muito destemperado”. Isso mesmo... Destemperado! Talvez seja minha a má vontade em aprofundar-me nessa justificativa. Pode ser essa a verdade. A procrastinação deste que lhe escreve em investigar os ingredientes que faltam ou sobram nesse vinha d’álho.
Enquanto isso os eleitores da terra de Cabral (O Cabral de 1.500, não o de Bangu I), ou da terra dos Cabrais, como preferirem, discutem sobre a escolha do próximo inquilino do Alvorada, e se dividem. Uns acham que o melhor nome é o daquele que passou uns dias na cadeia, sendo solto em seguida por um novo entendimento do STF. Entendimento que nada tem a ver com os crimes cometidos, diga-se de passagem, e sim com o momento em que o culpado deve ou não passar a ver o sol nascer quadrado. O mesmo que não sabia nada sobre o mensalão e viu seus melhores amigos rodando nas mãos da polícia sem dizer nada. Aquele mesmo que nunca teve um sítio e muito menos tríplex no Guarujá. Pois bem! Os que não consideram este um bom nome, em grande parte, defendem um extremista reacionário e meio débil mental. Aquele que negou, e nega, a gravidade da pandemia, que disse que no Brasil nunca houve ditadura. O que tentou mudar o comando da policia federal para proteger os filhotes. Aquele que pratica rachadinha a mais de vinte anos e, até ensinou aos filhos. O amigão do Queiroz, que emprestava dinheiro e trocava cheque. O mesmo que apresentava notas de postos do Rio de janeiro para usar a cota de combustíveis do congresso nacional.
Não bastasse essa estranha polaridade, eis que, nos últimos dias, um terceiro nome surge e começa a ganhar força. Desta vez um camarada com nenhuma experiência em gestão pública, mas com um discurso muito afinado de combate a corrupção. Dizem por aí que esse sujeito não gosta nem um pouco dos outros dois. Não sei se é verdade, mas ouvi dizer que ele já mandou prender um e que é doido pra botar o outro atrás das grades. Estagiário valente esse aí, heim!
E a candidatura do destemperado segue em lenta desidratação.
No calabouço da minha ingenuidade fico a imaginar o que seria mais fácil: corrigir o sal e acrescentar umas folhinhas de manjericão pra ajustar a marinada ou tentar mudar o caráter de alguém.
Destemperado né? Tá certo!
E o ET lá de longe. Só observando.








Kommentare