top of page
Buscar

A SAGA DE TIGIBO

jjuncal10

RIBAMAR VIEGAS

ESCRITOR LUDOVICENSE


Procedente de Cumã, interior do Maranhão, Tigibo chegou a São Luís com o firme propósito de iniciar-se na vida sexual ─ chega de ser rejeitado pelas lambisgoias metidas a bestas lá de Cumã ─, contudo, Tigibo era a exceção do dito popular de que não existe ninguém totalmente feio. O coitado era de a gente ver e esquecer: além de estrábico, zambeta, atarracado, pés de pato, voz de papagaio, ele era um caso típico daquele que saiu da roça, mas a roça não saiu dele.


Com seis meses de São Luís, a resposta da mulherada ludovicenses às investidas românticas de Tigibo era a mesma das mulheres de Cumã: − “Não!!!”. Tigibo resolveu sair da armação para o ataque. – Voltar donzelo para Cumã, nem pensar!


Sem medir consequências, o infeliz passou a mão na mulher de um pugilista conhecido na ilha como Celso Mão de Cepo. A mulher bronqueou e Tigibo levou um cruzado de direita do tal Mão de Cepo que o colocou a nocaute no primeiro assalto.


Sacudida a poeira, Tigibo confundiu a mulher de um delegado de polícia com a empregada da casa do homem. Usou novamente a mão e foi hospedado em um xadrez de uma delegacia com direito a todas as “mordomias” da casa: banho de água gelada, palmatória, choque elétrico, pau-de-arara e outros “privilégios”. Depois da estada na Colônia Penal, Tigibo resolveu apelar para o baixo meretrício. Afinal, não é lá que muito filho de papai conhece mulher pela primeira vez?!


Na primeira noite de Tigibo na zona, uma provocante rapariga o conquistou, bebeu com ele algumas cervejas, tomou-lhe toda a grana e saiu dizendo que ele voltasse outro dia porque ela estava no vermelho. Tigibo ainda ameaçou uma reação para reaver o dinheiro, mas a prostituta o acalmou mostrando-lhe uma afiada navalha. Se conquistar uma mulher fosse o mesmo que jogar sinuca, Tigibo não conseguiria encaçapar, sequer a bola do jogo. Passado um ano da saga de Tigibo na ilha de São Luís, mulher continuava fora do seu cardápio.


Foi numa tenebrosa segunda-feira. Chovia muito em São Luís. Já passava das 23h, no edifício BEM (Banco do Estado do Maranhão), somente o restaurante na cobertura aguardava dar meia noite para fechar, Tigibo, no acento do elevador, cabisbaixo, perdido em pensamentos eróticos, cumpria mais um turno do seu trabalho de ascensorista. De repente uma voz aveludada quebrou o silêncio da noite:


─ Benzinho!... Restaurante, por favor!


Tigibo levantou a cabeça e teve que se morder para acreditar que não estava sonhando. Loira, corpo escultural, metida num vestido molhado colado ao belo corpo, transparecendo os seios rijos, estava ali, diante dele, com toda sua sensualidade, a top model Brigitte. A Xuxa da televisão local, de quem Tigibo era fã. Lógico que o interiorano viu naquele mulherão muita lenha para a carrocinha dele. Mas, só ele e ela naquele cubículo do elevador, e o fato de ela o chamar de benzinho era um motivo para um tudo ou nada. Um tapa a mais, que diferença iria fazer?...


Tigibo fechou o elevador, deu partida, estacionou-o no terceiro andar e, sem abrir a porta, arriscou um lero para cima da loira:


─ Deus fez você e jogou a fôrma fora.


A graciosa Brigitte olhou faceiramente para Tigibo e, certamente por pena, para surpresa do matuto, acrescentou:


─ Tudo bem! Hoje é mesmo meu dia de dar esmola! Tire a sua roupa!


O coração de Tigibo foi a mil de tanta excitação. Com um olhar de lua minguante para Brigitte, ele foi despindo-se.


Brigitte também tirava suas vertes. A cada peça de roupa da top model que caía no chão do elevador o coração de Tigibo comemorava como se fosse um gol do Selecionado de Cumã. Os dois totalmente despidos no elevador, Tigibo sentindo-se como um único acertador de uma loteria acumulada, aproximou-se de Brigitte cheinho de vontade. A loiraça estava de costas e, após o estrondo de um trovão lá fora, a voz aveludada da estonteante Brigitte deu lugar a uma voz grossa, determinante e ameaçadora:


─ Vire-se, primeiro eu!











59 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Commentaires


bottom of page