CAIXA 2
- jjuncal10
- 27 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
O livro Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, disserta sobre a ninfomania da mulher portuguesa pelo sexo anal. Diz que no mundo a portuguesa é maior adepta desse tipo de colóquio amoroso. (Nada contra). Sabe-se que essa preferencia da mulher lusitana pelo deposito no caixa 2 (denominação pejorativa de sexo anal nas casas de alternes dos portos de Portugal) provem de longas datas.
Durante a colonização do Brasil, era de praxe as fidalgas portuguesas terem os seus escravos de companhia. A esses escravos cabia conduzir charretes, cuidar de cavalos, acompanhar, obdecer e proteger sua dona nas viagens às Quintas. E era nas casas campestres das Quintas que algumas fidalgas faziam valer suas supremacias. Durante o banho quente na tina com pétalas de rosa, elas vendavam os olhos dos seus negros, e exigiam deles o deposito no caixa 2. (O seriado, Tiradentes, da TV Globo, mostrou esse ato com certa discrição, mas mostrou).
A coisa era tão contundente que a fidalga Carmosina, ao perceber sua escrava Kadica chorosa, não pode esconder sua preocupação. É que o negro Kadu, esposo de Kadica, era o serviçal predileto de Carmosina: – Será que Kadu havia dado com a língua nos destes?... Seria acoitado até a morte! - Pensou a fidalga. E perguntou energicamente a escrava:
- Por que estás a chorar?... Responde!... Se mentires tu vais para o açoite!
- É Kadu, meu esposo... ao deitar comigo pediu para eu ficar de costas e quis diferente... não aceitei, fiquei com medo, e ele se zangou. Tá de banzo... A senhoria é porque não sabe, mas Kadu não é muito diferente de um cavalo!
A fidalga Carmosina – maior sabedora da virilidade de Kadu – respirou aliviada. Chegou a sentir uma pontinha de ciúme, contudo, achou mais prudente ser complacente com a negra, orientando-a:
- Não te faças de rogada. Vou dar-te uma vaselina para cabelo, é só estregar a ele, e o teu casamento estará salvo. - Ahn! Aproveita e avisa Kadu que amanhã à tarde preciso ir à Quinta. – Era desse jeito!...
E nesse contesto, mas recentemente, Zé das Docas, moreno, estatura mediana, 50 anos, estivador marítimo em Salvador-Bahia, conseguiu convencer a turista portuguesa Amália, cerca de 40 anos, recém-chegada á boa terra, a acompanha-lo até um motel no Pelourinho. Amália estava perdida na Baixa do Sapateiro e foi pedir informação a Zé das Docas.
No motel as coisas aconteceram: lambretinha, cachorrinho, canguru perneta, papai e mamãe... Amália chegara ao clímax umas seis vezes. Zé das Docas se segurou como pode na sua primeira, deixando Amália disparar a goleada dela. Na segunda para Zé das Docas – coisa que ele já foi na base da moral - Amália ainda ampliou o placar a seu favor chegando ao orgasmo mais três vezes. O certo é que, após a goleada de nove a dois a favor da portuguesa, Zé das Docas era quem mais comemorava. Sobrava-lhe a convicção de, literalmente, ter matado aquela turista a pau. O estivador sentou-se na cama e sussurrou com seu ego: - Ôxente!... Tão cedo essa branquela não vai querer saber de macho!... tá pensando que baiano retado brinca?!... Contudo, o pensamento de Zé das Docas logo se dispersou quando a mão aveludada da portuguesa tocou suavemente o ombro dele. O estivador virou-se para a mulher com um olhar interrogativo, e, para a surpresa dele, ouviu daquela sangue azul, já postada de quatro:
- E o caixa 2, não me vais?..
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Zé das Docas, no bagaço, já sem nenhum poder de fogo e reconhecendo suas limitações, passou a bola para os “benditos” políticos brasileiros justificando-se:
- Não! Eu não! Aqui, no Brasil, quem dispõe de grandes propinas para caixa 2 é político corrupto... à minha é gorjeta proletária − como a madame pode comprovar − mal dar para o caixa 1.








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