COMO O ESTRESSE AFETA A PELE?
- jjuncal10
- há 12 minutos
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Dr. ANDRÉ COSTA CRUZ PIANCASTELLI
Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e MEC
Especialista em Clínica Médica pelo MEC
Instagram: @dr.andrepiancastelli
A CIÊNCIA POR TRÁS DESSA RELAÇÃO

O estresse faz parte da vida moderna. Ele aparece nos prazos apertados, nas preocupações familiares, nas noites mal dormidas e nas cobranças do dia a dia. O que muitas pessoas não imaginam é que essas tensões emocionais não ficam restritas à mente. A pele sente — e reage.
Quando vivemos períodos prolongados de estresse, o corpo entra em estado de alerta contínuo. Hormônios ligados à resposta ao estresse são liberados repetidamente, e isso altera o funcionamento normal do organismo. A pele, que não é apenas uma “capa”, mas um órgão vivo, sensível e inteligente, participa ativamente desse processo. Ela se comunica com o sistema nervoso, hormonal e imunológico, funcionando quase como um espelho do que acontece internamente.
Com o estresse constante, o equilíbrio do sistema de defesa da pele se perde. Substâncias inflamatórias passam a ser produzidas em maior quantidade, tornando a pele mais vermelha, irritada e sensível. É por isso que doenças como psoríase, dermatite atópica, urticária, acne e quadros de coceira persistente costumam piorar justamente em fases emocionalmente difíceis. A pele entra em um estado de inflamação silenciosa, que pode se manifestar aos poucos ou de forma abrupta.
Além disso, o estresse compromete a barreira natural da pele — aquela proteção invisível que impede a perda excessiva de água e a entrada de agentes irritantes. Quando essa barreira enfraquece, a pele resseca mais facilmente, fica desconfortável, cicatriza pior e se torna mais vulnerável a infecções e inflamações. Pequenas agressões do dia a dia passam a causar grandes reações.
Há ainda outro fator importante: os nervos da pele. Em situações de estresse, eles liberam substâncias que intensificam a coceira e a inflamação. Quanto mais a pessoa coça, mais a pele inflama; quanto mais inflamada a pele fica, maior o desconforto emocional. Assim se instala um ciclo difícil de quebrar, em que mente e pele alimentam mutuamente o sofrimento.
O mais delicado é que essa relação funciona nos dois sentidos. Assim como o estresse piora as doenças de pele, as doenças de pele também aumentam o estresse, a ansiedade e até sintomas depressivos. Lesões visíveis, coceira constante e desconforto afetam a autoestima, o sono e a qualidade de vida, perpetuando o problema.
Por isso, cuidar da pele vai muito além do uso de cremes ou medicamentos. Em muitos casos, olhar para a saúde emocional é parte essencial do tratamento. Aprender a manejar o estresse, melhorar o sono, buscar apoio psicológico quando necessário e adotar hábitos de vida mais equilibrados pode fazer uma diferença real no controle das doenças dermatológicas.
A pele fala. Às vezes, ela pede hidratação. Outras vezes, proteção. Em muitos momentos, porém, ela pede pausa, cuidado e acolhimento. Ouvir esses sinais é um passo importante para tratar não apenas a pele, mas a pessoa como um todo. E o profissional habilitado para esse cuidado é o médico dermatologista.











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