CRESCIMENTO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL
- jjuncal10
- 30 de abr. de 2023
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JEFERSON FRANCO, escritor (União Brasileira de Escritores (UBE) 2.720/1984), palestrante, poeta, biógrafo, inventor, chef de cuisine não profissional, metalurgista e advogado atuante, Kardecista e Rosacruz, normalizador de trabalhos acadêmicos de nível superior (graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado) conforme Comitê Brasileiro 14 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (Informação e Documentação), autor dos livros de poemas “POESIA GERAL E INCOMPLETA” (1983), “APENAS MAIS POESIA” (2010) e do livro técnico “COMO ELABORAR TRABALHOS ACADÊMICOS NOS PADRÕES DA ABNT APLICANDO RECURSOS DE INFORMÁTICA”
E-mail: franco.jeferson@gmail.com
PARTE 2/3
Portanto, na Idade Média configuram-se duas instâncias de poder: a do Estado e a da Igreja. O Estado é de natureza secular, temporal, voltado para as necessidades mundanas e caracteriza-se pelo exercício da força física. A Igreja é de natureza espiritual, voltada para os interesses da salvação da alma e deve encaminhar o rebanho para a verdadeira religião por meio da força da educação e da persuasão. (Op. Cit., p. 175).
Ou seja, “A moral medieval valoriza a coragem e a ociosidade da nobreza ocupada com a guerra, bem como a fidelidade, que é a base do sistema de suserania e vassalagem; do ponto de vista do direito, num mundo cuja riqueza é a posse de terras, considera-se ilegal (e imoral) o empréstimo a juros.” (Op. Cit., p. 206).
Já na Idade Moderna, com o advento da burguesia, o trabalho é valorizado e, consequentemente, critica-se a ociosidade; também ocorre a legalização do sistema bancário, o que exige a revisão das restrições morais aos empréstimos. A religião protestante confirma os novos valores por meio da doutrina da predestinação, considerando o enriquecimento um sinal da escolha divina. (Op. Cit., p. 206).
Se a Religião, o Estado e a propriedade contribuíram em determinado momento histórico para o desenvolvimento do homem, passam a ser restrições a sua emancipação. (Op. Cit., p. 211).
A religião no Brasil é encarada como sendo da esfera privada, o Estado brasileiro garante o direito individual das pessoas optarem pela religião que melhor lhe aprouver. Por muito tempo a Igreja Católica Romana foi a religião hegemônica do povo brasileiro a ponto de ser identificada como parte integrante da identidade brasileira. As outras religiosidades eram consideradas exógenas, principalmente o protestantismo. (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA, Kathlen Luana de; Reblin, Iuri Andréas; Schaper, Valério Guilherme; Gross, Eduardo; WESTHELLE, Vítor (Org.). Religião, política, poder e cultura na América Latina. São Leopoldo/MG: Escola Superior de Teologia (EST), 2012. Disponível em: <http://www.est.edu.br/downloads/pdfs/biblioteca/livros-digitais/LV-RPPC_na_ALC.pdf>, p. 311).
Historicamente, no Brasil, “A igreja era ligada ao Estado no reino de Portugal. O catolicismo romano era a religião oficial. Portugal era considerado um Estado fidelíssimo em relação a Roma.” (CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo e Política. São Paulo: Nascente, 1985, p. 71).
De acordo com estatísticas do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (Idem, ibidem, 2010), a continuidade da religião vem se confirmando com o crescimento do número de evangélicos. Dados do censo de 2010 mostram que os evangélicos passaram de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Ou seja, de 26,2 milhões para 42,3 milhões. Em 1980 os evangélicos somavam apenas 6,6%. Enquanto os evangélicos vão lotando seus templos, a igreja católica sofreu certo esvaziamento nos seus. No ano de 2000, os católicos representavam 73,6%; já em 2010, passaram a 64,6%.
“Nós já esperávamos que houvesse queda no número de católicos, mas nossa expectativa era que fosse menor”, declarou o padre Thierry Linard de Guertechin. Ele também admite que “parte da responsabilidade é da própria Igreja Católica, que não vai aonde o povo está.” Para o teólogo e pastor luterano Martin Weingaertner, “em muitas paróquias católicas, a relação é de um padre para 20 mil fiéis ou mais. A falta de vocações e o envelhecimento do clero agravaram esse quadro, tornando mais difícil o pastoreio numa sociedade massificada”. (WEINGAERTNER apud OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 159).
“Em consequência lhe era outorgado certos poderes sobre o clero local, na figura conhecida como padroado. Portugal havia recebido de Roma por meio de bula papal, o seu reconhecimento de soberania e direito divino de sua dinastia.” (CAVALCANTI, Op. Cit., p. 72). O censo do IBGE ainda aponta um aumento dos sem religião, que no ano 2000 eram aproximadamente 7,3% (12,5 milhões) e em 2010 chegaram a 8,0%, ultrapassando a cifra de 15 milhões. São números que apontam para a ambiguidade da secularização, conforme atesta Gibellini. Mas na realidade, existe o que se chama “trânsito religioso” entre religiões, e que deixa muitos fiéis “traumatizados”. Os fiéis saem de uma igreja e vão para outra. A saída muitas vezes deixa a porta fechada para a volta. Não conseguindo se adaptar em uma nova realidade espiritual, acabam por ficar sem igreja. Mesmo com o processo de secularização ou consequências do trânsito religioso, - algumas denominações religiosas sendo questionadas quanto a questões de ética, perda da credibilidade e escândalos envolvendo pastores e políticos famosos, - o fenômeno do crescimento continua acelerado. (OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 160).
Na Colônia, os hereges eram tratados com intolerância, por representarem ameaça à hegemonia da Coroa, simplesmente executado para o bem da religião e do Estado. Assim, os protestantes, os judeus ou quaisquer outros religiosos que não fossem ligados ao romanismo estavam sujeitos à Santa Inquisição.
Era de interesse do Estado que os padres catequizassem os povos dominados e o batismo oportunizava a integração tanto na religião como na cidadania. O Estado não era laico e o Ensino Religioso (ER) era confessional.
Madalena Fernandes (Afinal, o que é o Ensino Religioso? São Paulo: Paulus, 2000, p. 20) concorda com Cavalcanti (1985), ao escrever: “(...) A instrução para todos os escravos era somente a catequese. Isto porque, desde o período da colonização, os grandes colonizadores perceberam que ‘(...) o melhor modo de dominar os índios seria convencê-los pela palavra, modificar sua mentalidade, fazê-los deixar de pensar e sentir como índios, submetendo-os aos desejos do branco.’”
Acredita-se que a partir de 1810, com a abertura dos portos brasileiros para as nações amigas, ouve uma maior abertura para que pudessem adentrar no Brasil novas expressões religiosas. No entanto, segundo Mendonça (Antônio Gouveia de. O Celeste porvir: a inserção do Protestantismo no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 20), a questão da liberdade religiosa no solo brasileiro foi combatida de forma acirrada e vista como algo totalmente desnecessário frente à religião oficial. Outras situações históricas fizeram parte da construção do que hoje presencia-se nas escolas de rede pública, e ao longo dos anos as leis foram tornando-se claras e laicas, oportunizando um Ensino Religioso (ER) livre de qualquer imposição religiosa.
Diga-se de passagem, liberdade alcançada não sem dificuldades e oposições, como afirmou Mendonça (1984): “A questão da liberdade religiosa foi motivo de grandes debates na constituinte de 1823. Havia numerosos parlamentares, portadores de ideias liberais, que promulgavam a abertura maior, provavelmente porque, além de suas ideias, pressentiam a inevitabilidade de um contato cada vez mais intenso como nações protestantes. Houve cerrada oposição. Nem poderia ser diferente, pois dos noventa constituintes, dezenove eram padres.” (Op. Cit., p. 21).
“Até a década de 1970 o Brasil ainda era um país hegemonicamente católico, mas já continha uma importante minoria religiosa não católica, principalmente protestantes e espíritas, que começam a ser estudados por pesquisadores ligados as universidades brasileiras.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA, Op. Cit., p. 311).
“Depois da década de 1980 houve um crescimento acelerado dos protestantes, principalmente do ramo pentecostal, dessa forma hoje temos uma alteração do perfil religioso da população brasileira com destaque para uma incidência significativa de pessoas que se declaram sem religião e do grupo protestante/evangélico.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA, Op. Cit., p. 311).
“A liberdade religiosa, que também pode ser entendida como liberdade de consciência, é considerada a ‘mãe’ de todas as outras liberdades; sob ela se assenta o direito à privacidade, um dos pilares do liberalismo moderno.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA, Op. Cit., p. 312).
“No Brasil, a liberdade religiosa foi concedida pela constituição de 1891, com a separação entre Estado e Igreja. Obviamente que o principal alvo desta separação foi reduzir o poder da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) sobre atos civis, como o matrimônio, por exemplo.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA, Op. Cit., p. 312).
“(...) é necessário reconhecer também a presença de práticas religiosas indígenas e africanas, ou afro-brasileiras, que foram perseguidas, mas que faziam parte do cotidiano de grande parte da população brasileira. Desde 1940 os censos incluem perguntas sobre a religião praticada pelo entrevistado. Em todo período, com exceção de 1970, esta foi uma pergunta aberta. Em 1970 o IBGE adotou seis categorias como referência. Elas foram ampliadas para nove em 1980, 43 em 1991 e 143 em 2000 o padrão adotado em 2010 segue o de 2000 e foram acrescentadas mais 7 alternativas. O aumento das categorias de enquadramento das respostas é testemunho do crescimento da diversidade religiosa no Brasil.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA, Op. Cit., p. 314).
Especificamente com relação ao crescimento do protestantismo no Brasil, “Até a década de 1970 o Brasil ainda era um país hegemonicamente católico, mas já continha uma importante minoria religiosa não católica, principalmente protestantes e espíritas, que começam a ser estudados por pesquisadores ligados as universidades brasileiras.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 311).
No Brasil, o protestantismo foi trazido pelos holandeses entre os anos de 1624 e 1625, tendo sido propagado principalmente entre os índios. Pesquisas recentes mostram o crescimento do protestantismo no Brasil: em 1970, o Censo do IBGE registrava cerca de 4,8 milhões de evangélicos; em 1980, 7,9 milhões; em 1991, 13,7 milhões; em 2000, 26,1 milhões. Segundo o IBGE, se esse crescimento se mantiver estável ao longo dos anos, no ano de 2020, metade da população brasileira será evangélica. (DOCEXPÕE, Gestão Museológica e Documental. Protestantismo. Fique por dentro. Disponível em: <http://doc-expoe.com.br/fiquepordentro.asp?id=2183>. Acesso em: 13 jul. 2015., p. 1).
“Depois da década de 1980 houve um crescimento acelerado dos protestantes, principalmente do ramo pentecostal, dessa forma hoje temos uma alteração do perfil religioso da população brasileira com destaque para uma incidência significativa de pessoas que se declaram sem religião e do grupo protestante/evangélico.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 311).
“A liberdade religiosa, que também pode ser entendida como liberdade de consciência, é considerada a mãe de todas as outras liberdades; sob ela se assenta o direito à privacidade, um dos pilares do liberalismo moderno.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 312).
“No Brasil, a liberdade religiosa foi concedida pela constituição de 1891, com a separação entre Estado e Igreja. Obviamente que o principal alvo desta separação foi reduzir o poder da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) sobre atos civis, como o matrimônio, por exemplo.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 312).
“(...) é necessário reconhecer também a presença de práticas religiosas indígenas e africanas, ou afro-brasileiras, que foram perseguidas, mas que faziam parte do cotidiano de grande parte da população brasileira. Desde 1940 os censos incluem perguntas sobre a religião praticada pelo entrevistado. Em todo período, com exceção de 1970, esta foi uma pergunta aberta. Em 1970, o IBGE adotou seis categorias como referência. Elas foram ampliadas para nove em 1980, 43 em 1991 e 143 em 2000 o padrão adotado em 2010 segue o de 2000 e foram acrescentadas mais 7 alternativas. O aumento das categorias de enquadramento das respostas é testemunho do crescimento da diversidade religiosa no Brasil.” (DIAS, LIMA apud OLIVEIRA et al, Op. Cit., p. 314).
Ou seja, segundo o resultado do censo do IBGE (apud DIAS, LIMA apud OLIVEIA et al, 2012), de 1970 a 2010 houve um crescimento das denominações religiosas de seis categorias inicias para cento e cinquenta em 2010, revelando um crescimento de vinte e cinco vezes, que deve ser considerado bastante significado face as conotações políticas e de poder envolvidas.






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