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O USO/ABUSO DE ÁLCOOL E DROGAS NO BRASIL

jjuncal10

Jeferson Franco, escritor (União Brasileira de Escritores (UBE) 2.720/1984), palestrante, poeta, biógrafo, inventor, chef de cuisine não profissional, metalurgista e advogado atuante, Kardecista e Rosacruz, normalizador de trabalhos acadêmicos de nível superior (graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado) conforme Comitê Brasileiro 14 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (Informação e Documentação), autor dos livros de poemas “POESIA GERAL E INCOMPLETA” (1983), “APENAS MAIS POESIA” (2010) e do livro técnico “COMO ELABORAR TRABALHOS ACADÊMICOS NOS PADRÕES DA ABNT APLICANDO RECURSOS DE INFORMÁTICA”


Reportagem da Revista Veja edição de 14 de maio de 2018 aponta o fenômeno da banalização da utilização de drogas ilícitas com a maconha e o álcool, resultando em gaves problemas de saúde. Segundo a reportagem “Os pesquisadores identificaram duas categorias principais de usuários: uso moderado (71% dos participantes) e uso abusivo (29%). Estas categorias resultaram em um total de seis subdivisões, que vão do “uso decrescente ou interrompido aos 21/22 anos” até “uso abusivo e contínuo aos 50 anos. ” (LARANJEIRAS, Ronaldo. A saúde paga caro pelo ‘barato’ das drogas. O tema do Dia Mundial da Saúde, “Saúde para Todos”, levanta uma questão: estamos lidando corretamente com a discussão sobre a legalização das drogas? Revista Veja. ed. 14/5/2018. Disponível em: >https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/a-saude-paga-caro-pelo-barato-das-drogas/>, 2018, p. 1).


A matéria destaca a questão da necessidade da prevenção associada ao tratamento destes dependentes químicos nas políticas públicas de saúde


O consumo de Substâncias Psicoativas (SPAs), cada vez mais, assume destaque nas discussões de saúde. Este fato deve-se ao aumento do uso pela população e os seus significantes impactos na sociedade.


Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Escritório de Drogas e Criminalidade da Organização das Nações Unidas (UNODC) apontam que as drogas que tem causado maiores distúrbios orgânicos e dependência são justamente aquelas consideradas lícitas como o álcool, o tabaco, a maconha e o crack, sendo a primeira amplamente difundida através de propagandas atraentes, sugerindo poder e aceitação por parte dos grupos sociais (UNODC, 2008; WHO, 2009).


A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014), segundo CID-10, define o padrão do consumo excessivo de álcool como sendo o principal causador de danos à saúde física e mental, seja em casos de cirrose hepática, seja nas ocorrências de episódio depressivo secundário. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. 10. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f10_f19.htm).


Relatório divulgado pela OMS (2014) refere ainda às influências do padrão de consumo do álcool durante a vida, que trazem diversos impactos comportamentais, que levam às grandes decisões e são determinantes para manter uma rotina que simultaneamente se encarrega de levar a uma grande dependência de um vício causador de mais de 200 doenças, e responsável por 3,3 milhões de óbitos. O uso pode já acontecer aos 10 anos de idade, sendo as principais drogas, além do álcool e do tabaco, os solventes e a maconha.


Sabe-se que as Substâncias Psicoativas (SPAs) interferem na elaboração do juízo de valor, tornando os indivíduos que as consomem mais vulneráveis a situações de risco, por exemplo, a violência sexual, a gravidez indesejada na adolescência, a contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST´s), Papilomavírus humano (HPV), Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS), acidentes automobilísticos, entre outros, realidade que vem sendo observada tanto no Brasil quanto em outros países e que se configura como um grave problema de saúde pública. (BRASIL, 2006).


Com relação ao crack, que atinge principalmente a camada mais pobre da população nacional, em função de seu baixo custo em relação às demais drogas ilícitas, a droga tem a capacidade de conduzir rapidamente as moléculas de cocaína misturada e outros componentes diversos ao cérebro, provocando um efeito explosivo no Sistema Nervoso Central (SNC).


A dependência química é imediata, uma vez que a criação de sinapses cerebrais relacionadas a estas moléculas é também rápida, fazendo com que o usuário necessite cada vez mais fumar as pedras, com espaços cada vez menores entre os episódios e em quantidades cada vez maiores para manter a sensação alucinógena resultante desse consumo.


Segundo Cruz, Vargens e Ramôa (CRUZ, Marcelo Santos; VARGENS, Renata Werneck; RAMÔA, Marise de Leão. Crack. Uma abordagem multidisciplinar. Artigo. [s.l.]. [s.d.]. Disponível em: <http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_401_crack_marcelocruz2011.pdf>.p.4-5), dentre os efeitos estão “[...] aceleração do coração, aumento da pressão arterial, agitação psicomotora, dilatação das pupilas, aumento da temperatura do corpo, sudorese e tremor muscular. ”


Os autores relatam também como efeitos do uso do crack sensação de euforia e aumento da sensação de autoestima, aumento da resistência ao cansaço físico e à dor, aumento da sensibilidade perceptiva visual, auditiva e do tato. Como efeito colateral, relatam tonteiras e paranoias relacionadas a estar sendo perseguido por outras pessoas.


Ainda para Cruz, Vargens e Ramôa ([s.d.], p.5), a abstinência provoca “[...] fadiga, desgaste físico, desânimo, tristeza, depressão intensa, inquietação, ansiedade, irritabilidade, sonhos vívidos e desagradáveis e intensa vontade de usar a droga (fissura).


Infelizmente, muito ainda há que ser feito no país em relação às políticas públicas brasileiras de drogas. No que se refere à atenção à saúde, a estruturação e fortalecimento de uma rede pública de saúde especializada na assistência a usuários de álcool e outras drogas ilícitas e às suas famílias, centrada na atenção comunitária, orientada pela concepção ampliada de redução de danos e articulada com outras redes de serviços sociais e de saúde constitui, na atualidade, um importante desafio. Para a reorientação do modelo de atenção na área de álcool e outras drogas, o setor público de saúde aposta na implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSad) [Usuários com transtornos mentais desenvolvidas em decorrer do consumo e sujeição a substâncias químicas (incluindo o álcool) são destinados ao atendimento nesta subdivisão. ]. (SANTOS, J.A.T.; OLIVEIRA, M.L.F. Políticas públicas sobre álcool e outras drogas: breve resgate histórico. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):82-93. Disponível em: <http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/1909>.2012).


Entre as diversas formas de se compreender a etiologia e iniciação do consumo de drogas encontra-se o modelo de risco e exposição ao mesmo. Com isso, entende-se que existem fatores que aumentam a chance de início e manutenção do consumo de drogas - fatores de risco e outros fatores que diminuem este risco - fatores de proteção.


Entre os fatores de proteção destacados na literatura, encontram-se a relação positiva familiar, vínculos estreitos, a atenção e o diálogo. Entre fatores de risco, estão os conflitos familiares, uso de drogas por um ou ambos os pais, violência familiar e falta de atenção e diálogo. A disfunção familiar é um dos vários fatores de risco para o uso e abuso de substâncias psicoativas e distúrbios comportamentais e sociais relacionados entre adolescentes e jovens adultos. (SANTOS; OLIVEIRA, 2012).


Pesquisa do Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), ouviu, em 2008, 5.226 alunos do Ensino Fundamental e Médio de 37 escolas - os dados só foram concluídos recentemente. A pesquisa identificou que entre os estudantes do Ensino Fundamental (7ª e 8ª séries), o total dos que se embriagaram ao menos uma vez no último mês anterior à pesquisa foi menor (14,2%), mas surpreende por conta da idade: geralmente entre 13 e 15 anos.


A classificação do alcoolismo é feita pela Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), organizada e divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O CID-10, em seu capítulo quinto, que aborda diversas formas de distúrbios mentais e comportamentais, cuja classificação encontra-se na letra F. Os critérios de dependência são definidos de acordo com o tempo de tratamento com durabilidade de 12 meses. Durante este período poderão ocorrer sinais e sintomas persistentes.


Por sua vez, a Associação de Psiquiatria Americana (APA) divulga o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), que teve sua primeira edição publicada na década de 60 a 70, servindo como base para outras publicações, define os padrões de dependência.

Atualmente, se considera os padrões DSM IV que atua no critério para o controle da abstinência no momento da terapêutica, porém, a mais atual é a DSM V (Quadro 1).

Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e pela Associação de Psiquiatria Americana (APA).

Fonte: OMS, 2012.


O tratamento é realizado com o objetivo de controlar o grau de tolerância ou de abstinência, as condições de má adaptação ao tratamento - que promove sentimentos de angústia e sofrimento, sintomas que podem ocorrer durante o tratamento, com durabilidade de um ano.


Concluindo, mais do que considerar a dependência de álcool ou drogas ilícitas um desvio de caráter - como culturalmente temos a tendência a considerar - e exigirmos das autoridades providências e legislação no sentido de afastar esses dependentes do convívio na sociedade, importante se faz que relativizemos sua situação (atualmente, de maneira equivocada, as pessoas tendem a interpretar empatia como “se colocar no lugar do outro” e tentar viver sua dor).


Bastará tentarmos um exercício simplório de imaginação e nos colocarmos como se fôssemos nós ou nossos familiares ou amigos nessa situação deplorável, para que consigamos imediatamente ver esses seres sofredores como doentes e, assim, necessitados de tratamento, e não de sanções criminais de nenhuma espécie.




 
 
 

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